Tava pensando cá com meus botões...
Há pessoas que nos despertam tanta admiração por elas, que terminam por nos melhorarem em muitos aspectos de nossas vidas.
Você admira a pessoa, e sem perceber passa a fazer tudo da melhor forma possível, pra não desapontá-la.
Você, que não gosta de serviço doméstico, se pega passando aspirador na casa todo dia, deixando a pia sem nenhuma louça suja, guardando toda baguncinha que geralmente fica esquecida, verificando os cantinhos... só porque a tal pessoa vai na sua casa.
Você, que sempre foi adepta do “aja duas vezes antes de pensar”, se pega pensando bem antes de postar alguma bobagem no facebook, porque... vai que a tal pessoa lê as tuas bobagens e fica te achando muito boba?! Melhor não...
Você, que cortou seu cabelo curto pra não ter trabalho se penteando, pra poder se dar ao luxo de “lavar e deixar”, se pega acordando meia hora mais cedo para dar tempo de secar o cabelo com o secador, porque... vai que você encontra aquela pessoa no meio do caminho e o seu cabelo tá despenteado?!
Você, que sempre fez de tudo pra poder dormir o máximo possível, que odeia acordar cedo de manhã, se pega pulando da cama mais cedo, não só pra pentear melhor o cabelo, mas pra deixar tudo ajeitado, porque... vai que a tal pessoa aparece de surpresa na tua casa e tá tudo desordenado?!
E depois de tanto pensar com os meus botões, tenho a impressão de que na verdade tudo isso é feito não por pudor em desapontar a tal pessoa, mas por temor em desapontar a mim mesma. Sim, porque eu jamais me perdoaria se a tal pessoa, num momento de lampejo de interesse por mim, deixasse de se encantar por mim na mesma intensidade em que me encantei por ela há tempos...
A admiração é tanta, que não há um dia que eu não me pegue pensando em muitas bobagens desse tipo. A cada pequena decepção em relação a outros, de pequenos a grandes comportamentos “toscos”, vem inevitavelmente à mente o pensamento “ah, mas fulano, sim, numa situação idêntica à essa, agiria de uma maneira que me deixaria orgulhosa”. A comparação, nas mínimas coisas, é inevitável.
“Quem sabe isso quer dizer amor?”
Mas seja o que for vai continuar guardado aqui, me fazendo acordar cedo para pentear o cabelo, me fazendo dar um sorrisinho besta cada vez que avistar aquele carro por perto, me fazendo baixar os olhos, com medo de encarar aquele olhar que queima... logo eu, que sempre fui adepta de “não passar vontade de nada”...
Tão fácil sentir, tão difícil dizer o que se sente a quem precisa saber... o medo de “perder” o pouco que se tem é grande. Não vale o risco.
Valhei-me, Francis Hime: “Abriga no peito/As chagas de uma paixão/E acolhe em teu leito/Um espaço prá solidão.”
Se não for pra ser igual à ele, tão incrivelmente perfeito - até em suas imperfeições - nem quero.
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