31/03/2009

31 de março

Direito à memória e à mentira?

Renato Simões*, Jornal do Brasil

RIO - Hoje, o Brasil volta seus olhos para 45 anos atrás. Entre 31 de março e 1º de abril de 1964, forças militares deram o golpe de Estado que abriu um período de 21 anos de ditadura.

Durante décadas, partidos de esquerda, movimentos sociais, pequenos e combativos grupos de ex-presas e presos políticos, movimentos de direitos humanos, Igrejas progressistas e uns poucos mais mantiveram erguida a bandeira do direito à memória e à verdade. Para as elites econômicas que conceberam e financiaram o golpe, para os setores reacionários da mídia e das Igrejas que o prepararam e justificaram, para os militares que dele participaram e de cujas benesses usufruíram, a palavra de ordem era simplesmente o esquecimento.

Vez por outra, esse esquecimento pretendido era quebrado por uma ou outra manifestação isolada de vozes militares não-oficiais. Falar sobre o assunto já incomodava, dar explicações sobre o passado era ficar numa defensiva quase envergonhada. Afinal de contas, construiu-se desde as negociações sobre a Lei de Anistia de 1979, que fará 30 anos neste 2009, o argumento de que “anistia era para os dois lados, precisamos agora olhar para a frente”. Tradição imposta pela correlação de forças naquele período da ditadura, sintetizada na versão oficial e jurídica do esquecimento.

Ao longo dos anos de conquistas democráticas, foi ficando insustentável a retranca do esquecimento. As manifestações de defesa da ditadura e do arbítrio foram ganhando uns poucos aliados em setores direitistas das Forças Armadas. Uma ou outra Ordem do Dia no “aniversário da Revolução” era divulgada para sinalizar que ainda havia na alta caserna sentimentos de defesa deste período triste da história. Alguns militares da ativa passaram a participar, de forma mais ou menos ostensiva, de atos promovidos por clubes militares e outras organizações da velha guarda.

A disputa pela história, a reconstituição de uma época que já estava com sua historiografia oficial consolidada, as conquistas de reparação moral, política e financeira no plano legislativo e da ação executiva federal e dos Estados, as primeiras ações de responsabilização de torturadores pelo assassinato e danos físicos e morais às pessoas torturadas, o compromisso do governo federal (tanto na gestão FHC quanto na gestão Lula) de avançar na sua política de direitos humanos, tudo isso contribuiu para o atual grau de acirramento de ânimos que cerca a fatídica data do 31 de março/1º de abril.

Livros, teses de mestrado e doutorado, filmes, peças de teatro, editoriais de jornais, matérias jornalísticas na TV, eventos públicos estão hoje marcados pela polêmica. Avança a luta pelo direito à memória e à verdade. No plano internacional, consolidam-se decisões, como a da Corte Interamericana de Direitos Humanos, de que crimes contra a humanidade, e a tortura em particular, são imprescritíveis. Em outros países sul-americanos caem anistias autoconcedidas pelos outrora vitoriosos golpistas. Agora, no começo deste mesmo mês de março de 2009, a Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) aprovou este mesmo entendimento jurídico, já adotado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em recente ação movida junto ao Supremo Tribunal Federal (STF): “Na presente quadra histórica de nossa já consolidada democracia, não consideramos adequada uma leitura da Lei de Anistia que abrigue excludentes de responsabilidade dos agentes que praticaram crimes contra a humanidade no período da ditadura militar”, diz a AMB.

A opinião expressa inúmeras vezes pelos ministros Tarso Genro e Paulo Vanucchi nesta mesma direção ganha corpo no interior do atual governo, ainda que vozes discordantes empalideçam o debate com argumentos obscurantistas. Mas está assentada nos compromissos de educação para os direitos humanos a principal diretriz, da qual a responsabilização dos agentes é mero instrumento, a de destampar a panela de pressão em que se transformou o silêncio sobre esse período, e liberar toda uma reflexão crítica sobre essa história que nos assegure, no presente e no futuro, que a democracia e os direitos fundamentais da pessoa humana não sejam atingidos pela truculência de golpes de Estado e da violência institucional.

Hoje, a verdade continuará vencendo a mentira. O 1º de abril não será mais do que brincadeira para pregar peças aos amigos. O 31 de Março será revisitado, todos defendendo o direito à memória, enquanto alguns lutarão pelo direito à verdade, e outros lutarão pelo privilégio da mentira.

* Renato Simões é secretário nacional de Movimentos Populares do PT e conselheiro do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH)

...and the winner is...

Gostei disso!!
"(...)Life's battles don't always go to the stronger or faster man.
But sooner or late the one who wins, is the one who thinks he can!"
Do Pravs World

29/03/2009

não tem preço

Normal! A gente passa um final de semana pensando, pensando e pensando...
Num pós-operatório bucal não dá pra sair. Aliás, não dá nem pra conversar direito.
Rir, então, nem pensar! Logo eu, "a garota sorriso", tenho que ficar bem séria porque sorrir, acreditem, dói. Quem diria que meus sorrisos algum dia seriam doloridos!!
A gente se alegra e dois minutos depois se entristece.
Se orgulha de a cada dia plantar um pedacinho de mudança na sua própria vida.
Agradece a Deus por tudo que tem diariamente, pensa o quão privilegiada é por sempre ter tido as melhores oportunidades. Deseja estar ao lado de alguém que já se foi. Lamenta. Suspira um pouco.
Olha pra si: vê sua própria força e sua própria fraqueza.
Mas, a despeito de tudo isso, abrir o blog de uma amiga e deparar-se com um post pra você... Ah, isso não tem preço.
São esses pequenos acontecimentos do dia-a-dia que fazem a vida da gente valer a pena.
Aqui e agora.

um futebolzinho bem pequenininho

A verdade tem que ser dita, sempre! A seleção brasileira de futebol não jogou quase nada hoje, contra o Equador. Um futebolzinho bem pequeno. Diria que de tamanho inversamente proporcional à fortuna recebida pelo time de estrelas que foram escaladas. O país do futebol não para de se decepcionar. Parece que o time está cada vez mais desmotivado (?), desanimado, enferrujado... Sei lá qual seria o melhor termo pra definir. Só sei que é extremamente frustrante para nós, torcedores, assistir a vexames como o de hoje. Acho que, pelo jogo que assisti, o resultado de 1 x 1 pode ser considerado uma vitória para a Seleção Brasileira. Lamentável.

24/03/2009

também quero ser artista!

Aprendi que todo mundo - até as pessoas mais incrivelmente felizes e realizadas - tem problemas. O que muda é a maneira com que cada um lida com seus problemas. Diria mais: a importância que cada um dá aos seus problemas.
Deve ser uma arte a de lidar com um problema dando a ele exatamente o tamanho e o peso que ele realmente tem: sem ser dramática (aumentando em muito o tamanho do probleminha) nem irresponsável (diminuindo à nanosfera um problemão). Como eu queria ser assim!! Admiro tanto as pessoas que são assim! Pessoas que mantêm a calma diante de situações de extrema tensão... Pessoas que conseguem controlar a intensidade de suas reações...
Nos últimos tempos tenho feito um esforço hercúleo - pra usar um termo bem ancião - pra melhorar um tiquinho a cada dia. Não só nesse aspecto, mas em todos os setores da minha vida.
Toda noite faço uma reflexão "em que melhorei hoje? qual atitude legal eu tomei conscientemente hoje?"
Tenho ficado contente com os resultados.
No entanto, às vezes tenho umas "crises" durante o decorrer do dia que simplesmente me deixam decepcionadas comigo mesma - e é então que eu percebo o quanto ainda há pra melhorar em mim...

viagens e pressentimentos

É impressionante a capacidade que eu tenho de viajar na maionese.
Eu também tenho uma perspicácia muito grande, que muitas vezes me faz pressentir acontecimentos.
O meu maior problema, atualmente, é aprender a lidar com essas duas características, ou seja, saber diagnosticar, com alguma margem de segurança, quando estou pressentindo um fato sem ultrapassar a tênue linha da simples viagem na maionese.
Eu sofro muito com isso, e gostaria sinceramente de mudar isso em mim.
Eu gasto muito tempo sofrendo por antecipação, esperando uma desgraça acontecer, achando que pressenti algo - e muitas vezes foi só fruto da minha mente fértil mesmo.
Ao mesmo tempo, certas vezes não dou importância às intuições, achando que estou divagando, e aí, quando a coisa acontece, me arrependo por não ter ouvido a voz interior.
Quem tem a fórmula pra aprender a trabalhar isso?
Será que existe algum curso pra isso?
Acho que tenho que fazer análise. rs

22/03/2009

o que é?

O que é o que é,
Um vazio que a gente sente lá dentro. Dolorido. Escuro. Profundo.
Os dias vão passando e ele continua lá... Sem sorrir... Sem melhorar...
Uma vontade louca de simplesmente... deixar de ser. Na esperança de que, deixando de ser, deixe-se de sentir esse vazio.
Vazio que desbota todas as cores da vida. Que deixa um gosto amargo na boca. Amargo que nenhum açúcar consegue adoçar.
Vazio que corroi o corpo e a alma. Que explode líquido e vai sem rumo.
Porque simplesmente não tem pra onde ir.
Só quer ficar, fundo aqui dentro.

design premium

Boa parte do melhor design mundial vem da Dinamarca. Agora já está disponível no Brasil.
http://www.scandinavia-designs.com.br/
Uau!

19/03/2009

o dom de escrever

É aquela velha história: o DOM DA PALAVRA, ou você TEM, ou você NÃO TEM...


"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida".
Clarice Lispector

17/03/2009

depends on you

Acho que boa parte dos problemas e das tristezas do mundo simplesmente deixariam de existir diante de uma atitude bem simples de cada pessoa:
Nunca prometer aos outros o que você não pode cumprir!
Embora pareça uma frase-chavão, é bom analisar com muito cuidado.
Porque nem sempre pra que uma promessa seja prometida ela deva necessariamente sair de uma frase do tipo "prometo solenemente que jamais tomarei sorvete de limão".
Veja bem, se você diz: "Detesto sorvete de limão. Quero viver sem sorvete de limão pra sempre!" ao pé da letra você não está prometendo que nunca tomará o sorvete. Mas o seu interlocutor, pessoa de boa fé, por confiar em tua palavra, já está tomando o enunciado como uma PROMESSA.
Essa pessoa sentir-se-á (com razão) no mínimo surpreendida se na semana que vem ela te vir deliciando-se com um sorvetinho de limão. E não adianta dizer: "mudei de idéia! Além disso, eu nunca prometi que não tomaria um sorvete de limão!".
Na-na-ni-na-não, meu caro! Shame on you, my dear! Não fuja das suas responsabilidades.
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" e também por aquilo que fazes com que outrém venha a acreditar.
Portanto, meus caros, se desejam não partir corações ao léu, prestem bastante atenção a suas palavras. De preferência ANTES delas saírem de suas bocas (aqui, leia-se: antes delas atingirem outros preciosos ouvidos e bulirem com não menos caros sentimentos alheios!).
Aqui também vale aquela boa e velha regrinha - que nunca falha!: "Coloque-se sempre no lugar da outra pessoa" e "Nunca faça com os outros o que você não quer que lhe façam!".
Simples assim!
O bem estar de toda a humanidade agradece.

o que que é isso, minha gente!?

Gente, acho que os números, em francês, deveriam ser ensinados só no nivel intermediário II.
Traumatizei geral.
Cruzes!
Cruzessss!

16/03/2009

Cuba

Eu quero ir

http://www.cubatravel.cu/client/home/index.php

Eu vou

novela nossa de cada dia

A novela do GPS prossegue.
Hoje liguei novamente na Nokia - pra perguntar porque ninguém de lá ainda me ligou, já que na quarta-feira passada haviam me prometido isso - e eis que atendente me disse que eu tenho que ligar no submarino (!).
Liguei no submarino.
Recebi um número de protocolo e um prazo de 2 dias para que eles me mandem um email dizendo se o setor de logística autorizou ou não a troca do produto (!)
Ai, ai...
Às vezes me dá preguiça de tentar ser civilizada.

15/03/2009

comportamento

"Não entristeçam o Espírito Santo, com que Deus marcou vocês para o dia da libertação. Afastem de vocês qualquer aspereza, desdém, raiva, gritaria, insulto e todo tipo de maldade. Sejam bons e compreensivos uns com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou a vocês em Cristo."
(Livro de São Paulo apóstolo aos Efésios 4,30-32)

apego

PARA MANIFESTAR O AMOR VERDADEIRO, É ESSENCIAL ELIMINAR O APEGO.
O amor verdadeiro provém do amor divino, da misericórdia, e está no âmago do ser humano desde o princípio. Para manifestá-lo, é imprescindível eliminar o apego. Apegar-se é ficar preso a algo ou alguém, o que implica perda da liberdade mental, e impede a manifestação do amor verdadeiro e da sabedoria inerentes à essência do ser humano.
(do livro 'Viver com alegria' - Seicho Taniguchi)

Um símbolo

Uma gérbera.
Um presente do meu cunhado para mim.
Um símbolo.
Símbolo do novo tempo que agora começa.
Tempo em que ficarão para trás todas as coisas sem nenhuma importância.
Tempo de luz, de sinceridade e de amizade.
Amém.

Amanhecer

"Amanhecer
É uma lição do universo
Que nos ensina
Que é preciso renascer
O novo amanhece"
(da música 'Raízes', de Renato Teixeira)

13/03/2009

Mulheres na política

Ainda nas reflexões sobre o Dia Internacional da Mulher, um belo texto que merece ser lido com muita atenção e carinho.

Faltam mulheres na política
Nilmário Miranda*
Nas eleições de 2008 o número de mulheres eleitas como prefeitas e vereadoras foi pequeno, como já tinha ocorrido em 2006 nas eleições gerais. A presença de mulheres no poder político está congelada. Não cresce nem vai crescer se não mudarem as regras do jogo. Não é um problema para as mulheres enfrentarem, como se fosse uma demanda corporativa. Homens e mulheres têm que representar o conjunto de homens e mulheres. A escassa participação de mulheres no poder público é um déficit na democracia no Brasil. Por que as mulheres não ascendem ao poder político? Por que o poder político não incorpora as mulheres?
É um escárnio considerar que falta interesse ou capacidade às mulheres. Os homens comparecem em menor número que as mulheres nas eleições, se abstêm mais, votam em branco ou anulam os votos em maior número que as mulheres. As mulheres participam em escala crescente como protagonistas em todas as áreas que atuam na esfera pública – sindicatos, associações, atividades pastorais, universidades, conselhos – o que lhes confere mais legitimidade como atores políticos.
Há certamente um conjunto de fatores psíquicos, culturais e políticos que interferem para interditar ou filtrar o acesso das mulheres aos espaços de poder no Legislativo, no Executivo e mesmo no Judiciário. No entanto, as regras ou a falta delas são determinantes.
A posição do Brasil no ranking de participação de mulheres em cargos públicos é constrangedora. Das 513 vagas para deputados, só 46 são ocupadas por mulheres (9%). No Senado são 10 mulheres para 81 vagas (12,3%). Na Argentina com 35% e na Costa Rica com 38,6% mudaram as regras e a iniqüidade foi reduzida de forma exemplar. Outros países como Equador e Espanha reconheceram a essencialidade da participação feminina e estenderam as regras para o Executivo.
Democracia requer ruptura com privilégios e efetiva igualdade para o exercício da cidadania e acesso aos espaços de decisão no Legislativo, no Executivo e no Judiciário.
Quanto mais poder, menos mulheres. A presença de mulheres como governadoras (3 em 27) e prefeitas não passa de 7,7%. No governo Lula, que instituiu a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres - com status ministerial - a participação de mulheres caiu das 5 iniciais para apenas 2.
A participação de mulheres no Executivo não pode depender da magnitude dos governantes. Só houve avanços notáveis em países que adotaram medidas especiais de caráter temporário ou permanente que asseguraram participação partidária ou perto disso nos escalões mais altos do Executivo, de cotas de mulheres no topo das listas partidárias e financiamento público das campanhas, cada vez mais caras. A subrepresentação feminina está presente também nas mesas do Legislativo, as altas esferas de decisão partidária, nos grupos de decisão partidária, nos grupos de pressão nos tribunais.
Há um círculo vicioso na reprodução da desigualdade. São tão poucas as mulheres nestes círculos que suas eventuais falhas e fracassos reforçam a exclusão. Só uma participação mais ampla, em espaços variados, criará identificação, confiança e motivação para estimular as mulheres a incursionarem nos espaços decisórios. Enquanto forem tão poucas, não muda a cultura sobre o papel das mulheres no espaço público e as próprias mulheres manterão a estranheza e o distanciamento face da política. E quem perde é a democracia. É verdade que as raízes do problema não estão só na política. Mas é inegável que no Brasil a política é feita por homens e para os homens. Política e poder são monopólio dos homens que instituíram seus interesses como universais.
Não se trata de idealizar o feminino. No poder, assim como os homens, as mulheres acertam e fracassam e representam projetos progressistas ou conservadores. A desproporção de representação política fica mais exacerbada quando se toma a participação das mulheres negras e indígenas, as mais pobres entre os pobres.
Os debates sobre reformas políticas devem incorporar a participação das mulheres, maioria da população e do eleitorado nos espaços da política e do poder.
*Nilmário Miranda é presidente da Fundação Perseu Abramo

respostas

"O Deus do êxodo escuta e se dispõe a libertar aqueles que o invocam. Deus, porém, não age de modo mágico; a libertação se realiza através dos acontecimentos da história e da vida"

Nota explicativa para Tobias 3,16-17; na Bíblia Sagrada edição pastoral, editora Paulus, 1990

Hoje


Cada dia é uma nova tela para ser pintada.
Certifique-se de que o seu quadro seja cheio de vida e felicidade.
E que, no fim do dia, você não olhe para ele
e deseje que tivesse pintado algo diferente.

11/03/2009

Facundo Cabral

Quem conhece o compositor Argentino Facundo Cabral?

(...)Não estás deprimido, estás distraído. Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma.
Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas… alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude. Do útero ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições. (...)
Faz apenas o que amas e serás feliz. Aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando for a hora, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural. Não faças coisa alguma por obrigação ou por compromisso, apenas por amor. Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível sem esforço, porque és movido pela força natural da vida. (...)
Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo. E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros.
Lembra-te : "Amarás ao próximo como a ti mesmo". Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição.
Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os teus vizinhos.(...)
Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo. Podemos experimentar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman; a música de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven; as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas.
Não estás deprimido, estás desocupado.
Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho. Ajuda os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez.
Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza e cuidar dela para aqueles que virão.
Dá sem medida, e receberás sem medida.
Ama até que te tornes o ser amado; mais ainda converte-te no próprio Amor.(...)
O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso. Uma bomba faz mais barulho que uma caricia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida. Vale a pena, não é mesmo? (...)
Deus não te prometeu dias sem dor, riso sem tristeza, sol sem chuva, porém Ele prometeu força para cada dia, consolo para as lágrimas, e luz para o caminho. (...)


Quem não conhece, agora já tem ideia do que está perdendo...

10/03/2009

simples assim

"É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.
É melhor tentar, ainda em vão, que sentar-se fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar que em dias tristes em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver."
Martin Luther King

09/03/2009

vamos esperar morrer primeiro!

Um colega me disse, no corredor do trabalho, que
"às vezes a gente chora no velório de um defunto que ainda nem morreu"

Sabe que ele tem razão?
Muitas vezes sofremos por antecipação e quando a coisa acontece nem era tão grave assim...
Uma boa reflexão para um início de semana.

07/03/2009

Onde estiveres

Onde estiveres, não percas a oportunidade de semear o bem...
Se a conversa gira em torno de uma pessoa, destaca-lhe as virtudes, recordando que todos ainda nos encontramos muito longe da perfeição.
Se o assunto descamba para comentários maliciosos, à cerca de certos acontecimentos, procura, discretamente, imprimir um novo rumo ao diálogo, sem te julgares superior a quem quer que seja.
Onde estiveres, não permita que o mal conte com o teu apoio para se propagar...
Se muitos falam em tom de pessimismo sobre os problemas que afligem a Humanidade, demonstra a tua confiança no futuro, recordando aos interlocutores que nada acontece sem a permissão de Deus.
Se outros se transformam em profetas da descrença, quais se fossem eles mesmos os únicos a se salvarem do naufrágio dos valores morais em que o homem se debate neste ocaso de milênio, trabalha com todas as tuas forças na construção de um mundo melhor, porquanto um só exemplo tem mais poder de persuasão sobre as almas do que um milhão de palavras.
Onde estiveres, não te esqueças de que o bem necessita de ti como instrumento para manifestar-se e não cruzes os braços como se nada tivesses a ver com o que acontece ao teu redor.
Texto: André Luiz Do livro “ Confia e Serve” Francisco Cândido Xavier – Carlos A. Baccelli

recordações

Relendo a minha última postagem - logo abaixo - me lembrei de uma madrugada fria de julho, meio da semana, nos idos de 1999 - se não me falha a memória. Madrugada de sonhos e de música, em que conversando com o Rico em frente ao Bar Bar (quem lembra do Bar Bar?) (e do Rico?). Naquela ocasião, ele, sofrendo por um amor recém fracassado - com sua sensibilidade incrível de artista, nem sempre compreendida pelos pobres mortais - me disse: "É horrível a sensação de você pegar o seu coração com todo o amor mais lindo que você pode sentir, oferecer a uma pessoa, ela olhar pra ele e dizer: 'não quero, muito obrigada!'"
Depois de tanto tempo e de tantos acontecimentos na vida dele, na minha, na nossa... se eu pudesse conversar de novo com ele, agora, eu diria: SEI EXATAMENTE COMO VOCÊ SE SENTIA. E CONCORDO COM VOCÊ.

amores eternos

Eu queria entender como é que algumas pessoas conseguem "amar" e "desamar" tão facilmente...
Sou como a música do Milton Nascimento e Fernando Brant: "Preso a canções e entregue a paixões que nunca tiveram fim".
Pra mim, o amor sempre seguiu a definição de Nelson Rodrigues. Pois todos os meus amores são eternos. Os que acabaram, realmente, não eram amor. Mas os poucos amores verdadeiros que tive estão aqui: intocados dentro de mim. Não consigo encontrar um dos meus amores sem sentir uma emoção gostosa, uma quenturinha confortável por dentro... Não consigo deixar de lançar um olhar de carinho, um desejo sincero de que aquela pessoa esteja bem, e siga bem pela vida afora... Não que eu queira voltar a viver aquela paixão - pelo contrário - mas consigo lembrar dela com carinho e respeitá-la. Consigo identificar em mim o meu amor por aquela pessoa, que nunca acabou - pode, sim, ter se conformado com os rumos diferentes que nós tenhamos tomado, mas morrer, nunca!
E o meu amor de agora, o último que vivi (que ainda vivo, mesmo que unilateralmente), com certeza também ficará para sempre dentro de mim... Fico imaginando em como eu o sentirei daqui a alguns anos. Tenho a impressão de que ele será diferente de todos os outros... Até pela intensidade de todas as experiências que vivemos juntos, pela grandeza dos sonhos, pela sintonia dos nossos olhares que lançamos na mesma direção... Carregarei comigo para sempre esse grande amor. O maior que já tive até hoje. O mais sublime. O mais fortemente correspondido. Aquele no qual apostei todas as minhas fichas. O que mais me fez feliz. E que agora me faz tão triste... Mas por que ele me faz tão triste agora? Simplesmente porque ele não acabou... Continua aqui, pulsando dentro de mim... Ele acabou do lado de lá, mas do lado de cá continua intacto... E esse desequilíbrio dói. Muitíssimo.
Por isso penso que talvez sejam felizes as pessoas que conseguem "amar" e "desamar" com facilidade...
Deve ser ótimo conseguir desvencilhar-se de um sentimento e sair por aí, cuidando de outros projetos.
Mas, sinceramente, mesmo ficando curiosa pra saber como funciona a cabeça e a vida dessas pessoas que amam e que desamam, não troco meus amores eternos por nada! Cada milímetro desse sentimento que só eu mesma posso saber que gosto tem, cada gotinha dele... é tudo meu. E ninguém me tira.
Teimosia? Falta de amor-próprio? Pode até ser, aos olhos de alguns...
Mas não tem preço a grandeza de poder sentir de verdade um amor. Sem precisar disfarçá-lo, mesmo quando ele está só de um lado. Sem vergonha de rasgar o coração, se for preciso.
Quero ser assim, sempre!
Peço a Deus que nunca me tire a minha capacidade de AMAR realmente.
Que meu coração não fique duro, mesmo com tantas quedas e desilusões.
Afinal, o próximo ser amado não pode receber o ônus do amor fracassado anterior, certo? Pelo menos eu penso assim!


Depois de te perder te encontro com certeza
Talvez no tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei como encantado
Ao lado teu
(Chico Buarque)

06/03/2009

o último pôr-do-sol


Eu entrei lá no apartamento, molhei as plantas e dei uma boa olhada em tudo... Me perguntei novamente "onde foi que nós nos perdemos e pusemos tudo a perder?". Chorei um pouco. Senti saudades. Senti vontade de implorar por mais uma chance. Logo percebi que estava sendo ridícula e que quando a gente é rejeitada não tem que ficar implorando. Tem mesmo é que se conformar e procurar melhorar (quem sabe um dia a gente consegue não ser tão repulsiva a ponto de não ser rejeitada, afinal?). Olhei de novo pra tudo. Pra cada objeto como o tínhamos disposto. Tudo esperando. Incansavelmente esperando.
Pensei no paradoxo dos meus sentimentos... Ao mesmo tempo em que gosto tanto daquilo, tudo aquilo não tem a MENOR importância diante da grandeza do meu amor. Tudo aquilo se torna tão supérfluo, tão banal...
Pensei que se Deus descesse à minha frente e me perguntasse: "você pode abrir mão desse capricho pra ter seu amor de volta?" eu responderia, contendo-me para evitar uma das minhas risadas sarcásticas (porque a gente não deve ser sarcástica com Deus, né? Mesmo se ele fizesse essa pergunta tão óbvia!), pois eu responderia: "É CLARO que eu posso! É tudo que eu mais quero na minha vida! É tudo que me faria 100% e plenamente e absolutamente feliz!".
Quando esperava pelo elevador, já de saída, olhei pela janela e vi o pôr-do-sol. Lindo. Pensei que era Deus, querendo me dizer alguma coisa. Me dando um presente, talvez. Como às vezes a minha mãe faz, ao sentir que estou triste, tentando me distrair da minha tristeza e demonstrar, do jeito dela, que ela está comigo. E que ela se importa comigo. Olhei para o presente de Deus. Senti vontade de fotografá-lo e pensei, num lampejo "pode ser a última vez que o vejo, assim..."
Acho que eu estava certa...
Isso tudo aconteceu ontem 05/03.
Lá pelas 18h30.
Bem agora, enquanto escrevo esta mensagem, tudo já deve ter mudado de lugar.

05/03/2009

"A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos"(Hebreus 11.1)


Isso e otras cositas más.

pára-choque de caminhão

Do jeito que o meu blog ultimamente anda cheio de citações, daqui a pouco vou ter que mudar o nome dele para "Pára-choque de caminhão"! rsrs

sobre guardar ressentimentos

Guardar ressentimentos é como tomar veneno e esperar que outra pessoa morra.
William Shakespeare

04/03/2009

amor que fica

"Saudade é o amor que fica"


Recebi essa definição por e-mail. O autor é desconhecido, mas acho que é a melhor definição que já vi até hoje...

03/03/2009

Enquanto isso, numa terra não muito distante...

Terça, 3 de março de 2009, 10h46
Serra dobra publicidade em ano pré-eleitoral
Aloisio Milani

Fonte: Terra Magazine


Enquanto PSDB e DEM acusam o governo Lula de organizar um encontro com prefeitos para promover a ministra Dilma Rousseff como presidenciável, o PT parte para o ataque contra os gastos de publicidade do governador José Serra. Um levantamento exclusivo feito pela liderança do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo para Terra Magazine aponta que os gastos quase dobraram entre 2007 e 2008 e devem crescer na mesma proporção no orçamento 2009.

Informações da execução orçamentária do governo estadual registram que gastos com publicidade e propaganda saltaram de R$ 88,3 milhões, em 2007, para R$ 178,7 milhões no ano passado - variação de 102%. Essa análise não leva em conta os dados da publicidade legal. De acordo com o estudo do PT, a previsão orçamentária de 2009 para comunicação social, item que inclui publicidade, é de cerca R$ 313 milhões. O que permite dizer, segundo o partido, que a verba quase dobrará novamente neste ano.

"O crescimento do orçamento de 2008 para 2009 é da ordem de 20% enquanto o crescimento dos gastos com publicidade é da ordem de 90%. Ao mesmo tempo, não há novos investimentos na áreas de ensino técnico e tecnológico, por exemplo", diz o líder do PT na Assembléia Legislativa, deputado Roberto Felício. "Essa previsão orçamentária de 2009 mostra uma intenção do governo. Teremos que ficar vigilantes para saber se não haverá dentro da administração direta propagandas para fora dos limites de São Paulo".

Foi, contudo, nos gastos da administração indireta - que inclui estatais e autarquias - que a oposição a Serra partiu para o ataque. O estopim do debate aconteceu com os gastos da empresa paulista de saneamento básico Sabesp, que comprou um pacote de anúncios da transmissão nacional da Rede Globo. O gasto virou motivo de representação na Justiça Eleitoral pela propaganda ter ultrapassado os limites do estado de São Paulo, onde a empresa atua prioritariamente.

"A justificativa apresentada até agora não tem sentido. Eles não estão fazendo uma publicidade que informe os governos dos outros estados ou empresas que a Sabesp é qualificada para prestar um serviço específico de saneamento", questiona o deputado petista. Estimativas apontam que foram gastos cerca de R$ 7 milhões na veiculação da TV Globo, pelo menos 2,5 vezes mais do que o governo federal gastou no encontro de prefeitos em Brasília, evento identificado como "eleitoreiro" por DEM e PSDB.

Procurada, a assessoria de comunicação do governo de São Paulo ainda não se pronunciou sobre os gastos de publicidade. O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro solicitou e recebeu da Rede Globo os valores exatos da compra do espaço publicitário. Os dados da Justiça Eleitoral ficarão à disposição de eventuais questionamentos partidários. Em nota, a Sabesp considera "legítima e legal" a publicidade institucional e o patrocínios dos eventos esportivos veiculados pela Globo.

"É legítimo e legal que a Sabesp invista na construção de sua imagem institucional fora de São Paulo, dado o seu interesse comercial em ampliar seu mercado", justifica a nota. A resposta da empresa não detalha o valor exato da negociação com a Rede Globo, mas enfatiza que o projeto "Verão Espetacular" só possui cota nacional. "A emissora proporciona um retorno de mídia considerável para divulgação dos seus programas em todo o estado de São Paulo", reitera a nota.

O caso da Sabesp se refere ao bolo publicitário da administração indireta. O levantamento da liderança do PT na Assembléia Legislativa também indica crescimento dos valores deste tipo de publicidade. A estimativa é que as empresas da administração indireta, somando os novos contratos e aditivos assinados com a Sabesp, Metrô, CDHU e Dersa alcance R$ 133 milhões.

De acordo com o estudo, a variável que aponta o crescimento dos valores é a comparação entre contratos novos e antigos. A Sabesp, por exemplo, tem dois contratos para serviços de comunicação, marketing e publicidade: com as empresas Lew Lara e Nova S/B. Com a redução da vigência dos contratos de um ano para seis meses, o valor previsto para gastos em 12 meses quase dobrou.

Para o líder do PT Roberto Felício, a publicidade da Sabesp em nível nacional foi uma espécie de teste sobre a ação do governo no ano pré-eleitoral. "Acho que foi uma experiência para saber que repercussão teria. Gastaram onde encontraram alguma coisa mais razoável para poder ter um hálibi para se defender", diz. A assessoria da Sabesp considera os valores compatíveis com o crescimento da empresa.

Não resta dúvida que o período de escolha dos presidenciáveis para as eleições 2010 abriu a guerra de acusações entre os partidos sobre o uso da máquina pública.

Ditaduras e ditabrandas

'Ditabranda' para quem?
Texto publicado na revista Carta Capital

Quase ninguém lê editorial de jornais, mas quase todos leem a seção de cartas. E foi assim que tudo começou. Os fatos: a Folha de S.Paulo, em editorial de 17/2, aplica a expressão “ditabranda” ao regime militar que prendeu, torturou, estuprou e assassinou. O primeiro leitor que escreve protestando recebe uma resposta pífia; a partir daí, multiplicam-se as cartas: as dos indignados e as dos que ainda defendem a ditadura. Normal.

Mas eis que chegam a carta do professor Fábio Konder Comparato e a minha: “Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de ‘ditabranda’? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar ‘importâncias’ e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi ‘doce’ se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala – que horror!” (esta escriba). “O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor do vergonhoso editorial de 17/2, bem como o diretor que o aprovou, deveria ser condenado a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana” (Prof. Fábio).

As cartas são publicadas acompanhadas da seguinte Nota da Redação – “A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua ‘indignação’ é obviamente ‘cínica e mentirosa’.”

Pronto. Como disseram vários comentaristas, a Folha mostrou a sua cara e acabou dando um tiro no pé. Choveram cartas para o ombudsman do jornal – que se limitou a escrever, quase clandestino, que a resposta pecara por falta de “cordialidade”. Um manifesto de repúdio ao jornal e de solidariedade, organizado pelo professor Caio Navarro de Toledo, da Unicamp – com a primeira adesão de Antonio Candido, Margarida Genevois e Goffredo da Silva Telles – passa imediatamente a circular na internet e, apesar do carnaval, conta com mais de 3 mil assinaturas. Neste, depoimentos veementes de acadêmicos, jornalistas (inclusive nota do sindicato paulista), artistas, estudantes, professores do ensino fundamental e médio, além de blogs. Vítimas da repressão escrevem relatos de suas experiências e até enviam fotos terríveis. A maioria lembra, também, o papel da empresa Folha da Manhã na colaboração com a famigerada Oban.

O que explica essa inacreditável estupidez da Folha?
A meu ver, três pontos devem ser levantados:

1. A combativa atuação do advogado Comparato para impedir que os torturadores permaneçam “anistiados” (atenção: o caso será julgado em breve no STF!).

2. O insidioso revisionismo histórico, com certos acadêmicos, políticos e jornalistas, a quem não interessa a campanha pelo “Direito à Memória e à Verdade”.

3. A possível derrota eleitoral do esquema PSDB-DEM, em 2010. (Um quarto ponto fica para “divã de analista”: os termos da nota – não assinada – revelam raiva e rancor, extrapolando a mais elementar ética jornalística.)

Dessa experiência, para mim inédita, ficou uma reflexão dolorosa, provocada pela jornalista Elaine Tavares, do blog cearense Bodega Cultural, que reclama: “Sempre me causou espécie ver a intelectualidade de esquerda render-se ao feitiço da Folha, que insistia em dizer que era o ‘mais democrático’ ou que ‘pelo menos abria um espaço para a diferença’. Ora, o jornal dos Frias pode ser comparado à velha historinha do lobo que estudou na França e voltou querendo ser amigo das ovelhas. Tanto insistiu que elas foram visitá-lo. Então, já dentro da casa do lobo ele as comeu. Uma delas, moribunda, lamentou: ‘Mas você disse que tinha mudado’... E ele, sincero: ‘Eu mudei, mas não há como mudar os hábitos alimentares’. E assim é com a Folha (...). São os hábitos alimentares”.

O que fazer? Muito. Há a imprensa independente, como esta CartaCapital. Há a internet. Há todo um movimento pela democratização da informação e da comunicação. Há a luta – que sabemos constante – pela justiça, pela verdade, pela república, pela democracia. Onde quer que estejamos.

Maria Victoria Benevides é socióloga com especialização em Ciências Políticas e professora titular da Faculdade de Educação da USP