Durante o velório e enterro do nosso amigo e companheiro Zé Luiz, fiquei pensando em várias coisas.
Observei a enorme quantidade de pessoas que foram até lá, para prestar uma última homenagem a ele, para se despedir, ou mesmo para tentar se convencer de que realmente era o Zé quem tinha morrido.
Eu fui uma dessas pessoas que custaram a acreditar. Acho que até agora não me convenci direito, sabiam? Para falar a verdade, quando estávamos todos lá reunidos, na quinta à noite, esperando a chegada do corpo, eu tinha uma sensação estranha e quase surreal: parecia que o Zé ia chegar dali a pouco, vivo, sorrindo, brincando, soltando uns palavrões e fazendo piada, como tantas outras vezes aconteceu em outras situações em que estávamos reunidos e ele chegou e se juntou a nós. Infelizmente essa foi só uma sensação surreal que tive. Infelizmente o Zé não chegou lá vivo e serelepe como sempre foi. O Zé nos pregou uma peça. Se foi pra sempre e vai deixar muitas saudades.
E enquanto eu fiquei lá, lembrando junto com amigos muitas histórias que vivemos junto com o negão, observei a enorme quantidade de gente que simplesmente mudou sua rotina e desfez seus compromissos para poder estar ali. Foi tanta gente que quis comparecer, que foi necessário mudar o corpo de dentro da sala onde estava sendo velado para o saguão do prédio do velório. E mesmo o saguão ficou lotado e as pessoas se acotovelavam para caber naquele espaço que se tornou tão pequeno. Foi a primeira vez que vi isso acontecer.
E, além de nós - familia e amigos que sempre estivemos por perto - vieram também pessoas da comunidade que conviveram com o Zé. Gente que não o conhecia muito bem, mas o admirava. Gente que sempre brigava com ele pelas confusões e rolos que ele aprontava, mas que gostava muito dele e sabia que a bondade que ele tinha era muito maior do que as trapalhadas todas. Anônimos e pessoas bem conhecidas. Altas autoridades estiveram presentes. Gente importante e ocupada. Gente que mora longe. Todo mundo quis estar ali.
E eu concluí, vendo gente que pensa tão diferente estar junto por causa de uma única pessoa, vendo essas pessoas tão ocupadas adiarem todo o inadiável para estarem ali nos últimos momentos do corpo físico do Zé entre nós, concluí que o que importa realmente nessa vida são as relações que temos com as pessoas. A nossa entrega sincera a tudo e a todos. Foi exatamente isso que o Zé fez durante toda sua vida: se entregou com paixão aos seus ideais, à convivência com sua família e seus amigos, à realização de seus compromissos, de seus trabalhos, de seus sonhos. Tudo isso sem a menor frescura: com a maior simplicidade e autenticidade. Sim, o Zé sempre foi autêntico: sempre foi ele mesmo em qualquer situação, pouco se importando se iria agradar ou não. Ele deixou sua marca, e a multidão em seu último adeus é uma prova de que ele estava certo. Mais uma lição que ele nos ensinou.
Um belo exemplo que fica guardado dentro de nosso coração para sempre.
Hoje a tristeza da perda é muito grande, mas com certeza as boas lembranças de tudo de intenso que foi o Zé em nossa vida farão com que ele esteja sempre presente entre nós.
Vai com Deus, Zezinho.
Obrigada por tudo.
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