06/06/2011

indignação seletiva

A língua portuguesa e a indignação seletiva

 

            Li recentemente uma matéria na revista CartaCapital que falava da "indignação seletiva" que vira-e-mexe invade coração e mente das hostes oposicionistas no Congresso Nacional. Aliás, a mesma que surge na abordagem que a nossa mídia hegemônica historicamente tem oferecido aos mesmos problemas. Tudo, claro, não passa de uma estratégia de luta pelo poder.

 

            Basta lembrar alguns episódios da nossa história recente para perceber que é assim mesmo que caminha nossa frágil democracia. Protagonistas do governo FHC, por exemplo, como Luiz Carlos Mendonça de Barros, André Lara Rezende, Pérsio Arida, Armínio Fraga, Gustavo Franco, Tereza Grossi – que teriam ficado milionários depois que saíram do governo – não mereceram, nem de perto, principalmente da grande mídia, o tratamento com o qual tem sido agraciado o ministro Palocci.

 

Ou ainda: qual o tratamento dado pela mídia ao ex-governador tucano do Ceará, Tasso Jereissati, quando foi condenado ano passado pela Justiça Federal a ressarcir o Banco do Nordeste em R$ 7 bilhões – valor este equivalente aos danos sofridos pelo Banco "em decorrência de atos fraudulentos" durante seu governo? Tudo passou em brancas nuvens.

 

Atenção: o ministro Palocci tem de prestar contas à sociedade? Claro que tem! Porém, ao Congresso Nacional cabe 'levantar a lebre', o que já foi feito. Não cabe a ele "fazer justiça", papel reservado à Justiça Federal. Abordo apenas os dois pesos e as duas medidas da oposição e da mídia, cujo objetivo fundamental é um só: desgastar e demonizar o governo Dilma. Em síntese, a tática da oposição é paralisar o Congresso e não deixar o governo governar. O povo? Ora, o povo!

 

            A mesma tática foi utilizada recentemente a propósito do livro Por Uma Vida Melhor, de Heloisa Ramos, distribuído pelo MEC para a rede pública. Repete-se aqui o mesmo script da reação preconceituosa e conservadora contra políticas do governo Lula, mais sintonizadas com os interesses maiores do nosso povo, como a da política externa, que não era subalterna aos EUA, e a do Programa Bolsa Família.

 

            Alexandre Garcia, por exemplo, no Bom dia Brasil, e a Globo News, investiram precioso tempo em desinformar. A impressão que dá, é a de que ninguém leu o livro que a revista Veja defenestrou. E todos ficam a repetir os argumentos da revista. Houve até quem pedisse a cabeça do ministro Haddad. O inacreditável, é que a autora do livro sequer foi convidada para se defender.

 

            A grande mentira, propalada à mão-cheia, é que o livro "ensina e enaltece erros de português". Não, ele apenas cita exemplos de como é falado o português popular, coloquial, não acadêmico: "…quando escrevemos um bilhete a um amigo, podemos ser informais, porém, quando escrevemos um requerimento, por exemplo, devemos ser formais utilizando a norma culta". Por isso Heloisa Ramos não fala de erros e acertos, mas sim de "adequação" e "inadequação" da língua. E está absolutamente correta!

 

            Corroboram, os versos de Oswald de Andrade:

 

"Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro".

 

Axé!

 

 

Emerson Leal – Doutor em Física Atômica e Molecular e vice-prefeito de S. Carlos.

EEmail: depl@df.ufscar.br

JUN/2011

2 comentários:

taxi estrella disse...

Muito bom esse exemplo com o verso de Oswaldo de Andrade, infeliz foi o exemplo do livro, "OS LIVRO", é errado e feio de todas as formas, ainda que faladas.
Legal lembrar dos integrantes do governo FHC que enriqueceram DEPOIS do governo o seu PALOCCI saiu por um escandalo e mal voltou e já esta bilhardario, será que somente os PT sáo perseguidos qdo pegos com a boca na botija, e se defendem como os exemplos que deveriam não seguir, se fhc se atirar de um aponte o lula vai atras? cade o bom senso? os fins justificam os meios?

renata_bia disse...

Pois é... Já que o objetivo é escrever tudo certinho, o poeta se chama OSWALD de Andrade (e não OSWALDO).
Pontuação também faz bem, pra entender melhor as frases. Seu texto está pessimamente pontuado.
A palavra "escândalo" tem acento circunflexo.
A palavra "está" também é acentuada.
"Os PT" tem a mesma concordância de "os livro" - concordância essa que vc está tentando criticar -, ou é impressão minha??
"São" perseguidos, ao invés de "sáo perseguidos".
O que é "um aponte" de onde FHC INFELIZMENTE NÃO irá se atirar? Aliás, a palavra "Atrás" também é acentuada...
Como vê, seu texto tá bem ruinzinho para quem se indigna com notícias da Veja, sem sequer procurar se informar verdadeiramente sobre FATOS. É a tal da indignação seletiva: umas coisas indignam, outras não? Senta em cima do rabo e fala do rabo dos outros??? Lamentável.
Lembrei da musiquinha do Skank: indignação indigna". A tal da mosca sem asas que não ultrapassa a janela de nossas casas... hahaha
Dizer que Lula "faz tudo que fez FH" (até pular de pontes), se não for piada de mal gosto, é o que??? Rizível, no mínimo.
Seus comentários mostram que, além de não dominar a norma culta da língua para escrever bem, você também não interpreta textos corretamente, pois em nenhum momento o texto do Prof. Emerson diz que Petistas se defendem com exemplos que não deveriam seguir.
Enfim, se a ideia é sair por aí repetindo o discursinho pronto do PIG, é melhor pelo menos você estudar certinho a gramática normativa, pra escrever um texto melhorzinho (senão não dá nem pra criticar o livro da Heloisa Ramos).
Suerte!