28/03/2012

Falou e disse

Texto irretocável. Concordo em gênero, número e grau. Enjoy! ‘Da fala ao grunhido’, de Ferreira Gullar Publicado na Folha de SP do dia 25/03/2012 Desconfio que, depois de desfrutar durante quase toda a vida da fama de rebelde, estou sendo tido, por certa gente, como conservador e reacionário. Não ligo para isso e até me divirto, lembrando a célebre frase de Millôr Fernandes, segundo o qual “todo mundo começa Rimbaud e acaba Olegário Mariano”. Divirto-me porque sei que a coisa é mais complicada do que parece e, fiel ao que sempre fui, não aceito nada sem antes pesar e examinar. Hoje é comum ser a favor de tudo o que, ontem, era contestado. Por exemplo, quando ser de esquerda dava cadeia, só alguns poucos assumiam essa posição; já agora, quando dá até emprego, todo mundo se diz de esquerda. De minha parte, pouco se me dá se o que afirmo merece essa ou aquela qualificação, pois o que me importa é se é correto e verdadeiro. Posso estar errado ou certo, claro, mas não por conveniência. Está, portanto, implícito que não me considero dono da verdade, que nem sempre tenho razão porque há questões complexas demais para meu entendimento. Por isso, às vezes, se não concordo, fico em dúvida, a me perguntar se estou certo ou não. Cito um exemplo. Outro dia, ouvi um professor de português afirmar que, em matéria de idioma, não existe certo nem errado, ou seja, tudo está certo. Tanto faz dizer “nós vamos” como “nós vai”. Ouço isso e penso: que sujeito bacana, tão modesto que é capaz de sugerir que seu saber de nada vale. Mas logo me indago: será que ele pensa isso mesmo ou está posando de bacana, de avançadinho? E se faço essa pergunta é porque me parece incongruente alguém cuja profissão é ensinar o idioma afirmar que não há erros. Se está certo dizer “dois mais dois é cinco”, então a regra gramatical, que determina a concordância do verbo com o sujeito, não vale. E, se não vale essa nem nenhuma outra ─ uma vez que tudo está certo ─, não há por que ensinar a língua. A conclusão inevitável é que o professor deveria mudar de profissão porque, se acredita que as regras não valem, não há o que ensinar. Mas esse vale-tudo é só no campo do idioma, não se adota nos demais campos do conhecimento. Não vejo um professor de medicina afirmando que a tuberculose não é doença, mas um modo diferente de saúde, e que o melhor para o pulmão é fumar charutos. É verdade que ninguém morre por falar errado, mas, certamente, dizendo “nós vai” e desconhecendo as normas da língua, nunca entrará para a universidade, como entrou o nosso professor. Devo concluir que gente pobre tem mesmo que falar errado, não estudar, não conhecer ciência e literatura? Ou isso é uma espécie de democratismo que confunde opinião crítica com preconceito? As minorias, que eram injustamente discriminadas no passado, agora estão acima do bem e do mal. Discordar disso é preconceituoso e reacionário. E, assim como para essa gente avançada não existe certo nem errado, não posso estranhar que a locutora da televisão diga “as milhares de pessoas” ou “estudou sobre as questões” ou “debateu sobre as alternativas” em vez de “os milhares de pessoas”, “estudou as questões” e “debateu as alternativas”. A palavra “sobre” virou uma mania dos locutores de televisão, que a usam como regência de todos os verbos e em todas as ocasiões imagináveis. Sei muito bem que a língua muda com o passar do tempo e que, por isso mesmo, o português de hoje não é igual ao de Camões e nem mesmo ao de Machado de Assis, bem mais próximo de nós. Uma coisa, porém, é usar certas palavras com significados diferentes, construir frases de outro modo ou mudar a regência de certos verbos. Coisa muito distinta é falar contra a lógica natural do idioma ou simplesmente cometer erros gramaticais primários. Mas a impressão que tenho é de que estou malhando em ferro frio. De que adianta escrever essas coisas que escrevo aqui se a televisão continuará a difundir a fala errada cem vezes por hora para milhões de telespectadores? Pode o leitor alegar que a época é outra, mais dinâmica, e que a globalização tende a misturar as línguas como nunca ocorreu antes. Isso de falar correto é coisa velha, e o que importa é que as pessoas se entendam, ainda que apenas grunhindo.

10/03/2012

Reta final

Estamos na última disciplina do curso de Especialização. Mais duas aulas dessa disciplina, depois 4 palestras e… fim.
Parece que quando se está perto do fim, aí é que o cansaço pega firme, mesmo.
É o mesmo que ocorre quando a gente tá com vontade de fazer xixi e chega na porta do banheiro: a proximidade aumenta a vontade infinitamente - algumas vezes parece mesmo que a gente não vai aguentar segurar!
E é exatamente isso que está acontecendo agora, em relação à pós. Pouca vontade de assistir aula. Menos vontade ainda de aturar a infantilidade e as bobagens de alguns elementos da minha sala. Sorrir pra quem tenho vontade de nem olhar, tudo em prol da boa convivência. Não vejo a hora de tudo isso acabar.
Poucas pessoas que conheci nesse curso levarei comigo quando ele acabar. Do restante, manterei a mais consciente distância. Não tenho tempo a perder com gente que não acrescenta nada de bom na minha vida e que, portanto, não vale a pena.
Hoje saí de lá completamente esgotada.
Ainda bem que já tá acabando.


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08/03/2012

Dia internacional da mulher

"(...)O homem é forte pela razão. A mulher é invencível pelas lágrimas. A razão convence. As lágrimas comovem. O homem é capaz de todos os heroísmos. A mulher, de todos os martírios. O heroísmo enobrece. O martírio sublima. (...) O homem tem a supremacia. A mulher, a preferência. A supremacia significa a força. A preferência representa o direito. (...) A aspiração do homem é a suprema glória. A aspiração da mulher é a virtude extrema. A glória faz tudo grande. A virtude faz tudo divino. O homem é um código. A mulher, um evangelho. O código corrige. O evangelho aperfeiçoa. O homem é a águia que voa. A mulher é o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço. Cantar é conquistar a alma. O homem é um templo. A mulher é o sacrário. Ante o templo nos descobrimos. Ante o sacrário nos ajoelhamos. Enfim, o homem está colocado onde termina a terra. E a mulher onde começa o céu". Vitor Hugo

05/03/2012

Leave me alone

Solidão Criativa
A imagem da felicidade na mídia é sempre representada por grupos. No mínimo em duplas, se o clima for de romance. Turmas sorridentes que conversam, se movimentam e dançam são cenas alegres, desejáveis, em contraponto ao retrato de um indivíduo solitário, seja lá o que estiver fazendo. O isolamento não é popular na nossa cultura. E, desde que, há algumas décadas, definiu-se que o ser humano era, além de mais feliz, mais criativo e produtivo em grupos, estudar e trabalhar virou atividade coletiva. O brainstorming, a chuva de ideias ou toró de palpites, tornou-se o modelo de inspiração corporativa do século 20 para solucionar, inovar, criar e chegar ao melhor resultado. Os escritórios, estúdios, agências, redações derrubaram suas paredes, e até mesmo os cubículos acanhados dos anos 1980 se desmontaram em espaços livres, onde todos se escutam, se veem e se comunicam com facilidade.
O mundo estabeleceu esse modelo bem antes de a internet chegar a ser de fato o lugar sem paredes para ampliar nosso potencial criativo por meio do contato virtual com milhares de outros cérebros. No multiconectado século 21, no entanto, o que vemos em estudos recentes é: estar só, trabalhar em silêncio e com privacidade pode ser melhor, mais criativo e eficiente do que em grupo. A consultora americana Susan Cain, autora do livro 'Quiet, The Power of Introverts in a World That Can't Stop Talking', defende-se a tese de que é hora de valorizar a introversão e promover um equilíbrio de poder entre aqueles que falam muito e rapidamente e os que se sentam no fundo e pensam. Esse tipo de profissional, tachado de tímido e pouco valorizado em ambientes que exigem que as pessoas se coloquem e marqueteiem suas ideias antes que alguém o faça, é o que normalmente não é ouvido nas reuniões de brainstorming.
Estudos no campo da neurociência analisam a eficiência da reunião criativa e constatam que, além de intimidante para os introvertidos, ela gera o efeito coletivo de mimetização. Quando pensamos diferente do grupo, diz o neurocientista Gregory Berns, ativamos em nosso cérebro a amígdala, órgão associado ao medo de rejeição. Permanecemos, por pavor de sermos contestados, presos à ideia do grupo, que nem sempre é a melhor. Outros estudiosos da neurociência, Nicholas Kohn e Steven Smith, alertam para um efeito cognitivo dos debates em grupo, onde tendemos a nos fixar em uma ideia e, a partir daí, bloquear o raciocínio para outras.
O terapeuta organizacional Adrian Furham defende que trabalhar em brainstorming é uma insanidade e que, se a empresa tiver pessoas talentosas e motivadas, elas devem ser encorajadas a trabalhar sozinhas, em ambientes em que a criatividade e a eficiência sejam prioridade.
A maior parte dos artistas, dos nerds, cientistas - enfim, dos grandes criadores - trabalha e pensa melhor isolada. Segundo o parceiro de Steve Jobs, Steve Wosniak, os criativos vivem imersos na própria cabeça. "Trabalhe sozinho", aconselha o gênio por trás do gênio da Apple.
Cynthia de Almeida, na revista Claudia de março de 2012
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Gentileza

Hoje recebi um elogio de uma pessoa que nem conhecia. Fiquei abobada na hora, sem saber direito como reagir.
Depois de passado o choque, fiquei pensando que é mesmo bom receber elogios sinceros e desinteressados. E a conclusão a que cheguei foi que deveríamos elogiar mais. Ser mais sinceros.
Gentileza é pra ser praticada.


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