27/08/2007

Geração

Começando a semana com um pensamento interessante, para refletir muito.

"Pertenecen a la misma generación los seres humanos que han peleado en la misma trinchera de la misma guerra. Somos los sobrevivientes de aquella guerra. ¿Qué puede haber una diferencia de edad de quince años? Pues sí; pero lo importante para su vida es que estuvieron en la misma trinchera durante una época clave su vida, compartieron la misma experiencia vital. Eso define a una generación."(Felipe González)

24/08/2007

É preciso fazer a ficha cair.

Com o tempo a gente vai aprendendo.
Eu sempre fui uma pessoa que acredita e confia nos seres humanos até que eles dêem algum motivo para que eu pare de acreditar. Aquela velha e boa postura de acreditar em alguém, até que essa pessoa dê um motivo para que se deixe de acreditar e confiar nela.
Confesso que nessa vida já "errei muito na mão", com relação a isso. Explico: muitas vezes, mesmo as pessoas me dando os motivos para eu deixar de confiar e de acreditar nelas, mesmo assim eu continuava dando a cara a tapa, dando outras e outras chances para que me mostrassem que o ser humano é bom, em sua essência, e que mesmo as maudadezinhas podem ser atenuadas na personalidade de cada um, com o tempo. Todo mundo tem direito de agir mal: não conseguimos ser perfeitos o tempo todo, sobretudo em situações de stress etc. Sou consciente de minhas próprias falhas e por isso tenho bastante tolerância em lidar com as falhas alheias.
O problema é quando se é muito compreensiva e alguns desavisados acabam confundindo a sua bondade e a sua compreensão com vocação pra ser palhaça. Muitas vezes passamos por cima de chateações simplesmente para manter laços que são mais importantes e é triste quando se percebe que a outra pessoa, ao te ver fazer vista grossa sobre algo, subestima sua inteligência e acha que você é "tonta" e não que você é "tolerante".
Com o tempo fui aprendendo que - para o bem e para o mal - tenho uma certa facilidade para conhecer bem as pessoas, para compreendê-las, para amá-las do jeito que elas são: cheias de defeitos e de valorosas virtudes. Sempre procurei fazer o lado das virtudes pesar mais na balança e nunca me arrependi disso.
Mas é preciso fazer a ficha cair...
E estou contente comigo mesma. Amadureci muito nos últimos anos e aprendi - mesmo que a duras penas, em alguns casos - a ir separando lentamente o joio do trigo. Tenho feito um trabalho diário e hercúleo de preservar-me das safadezas da vida, sem prejudicar uma característica que tenho em mim e que acho maravilhosa: a minha capacidade de doação a tudo que faço e a todos que quero bem.
É assim que hoje posso dizer que tenho amigos maravilhosos que me valem ouro. Mas também aprendi a ter "colegas" simplesmente. E "conhecidos" simplesmente. E gostei muito da sensação. Porque percebi que dessa forma me sobra muito mais energia para ser investida em quem realmente merece!
E deixa quem quiser que pense que eu sou tontinha... De repente a mais esperta de todos sou eu - observando e constatando...
Espetáculo!

19/08/2007

Meus pais







Pela primeira vez na vida consegui convencer meus pais a saírem comigo para fazer um programa que eu tinha certeza que eles iriam adorar: levei-os à Final do Festival Viola de Todos os Cantos (EPTV/PMSC) ontem, no Ginásio Milton Olaio.
Parece bobeira, mas só eu sei o quanto isso foi importante pra mim.
Tem várias coisas que eu faço e que eu vejo e que eu gostaria muito de dividir com meus pais. Ontem eu consegui isso. Fiquei emocionada em ver minha mãe feliz por ver ídolos dela. Um show - coisa que pra mim é tão banal! - para eles é muito raro, porque não têm o hábito de freqüentar e mesmo de sair de casa pra fazer esse tipo de programa.
Muito importante pra mim. Me senti feliz em proporcionar isso a eles. Deve ser parecido com o que meu pai sentiu quando levou o pai dele para pescar no Pantanal.
E o melhor de tudo é que o Wanderley estava lá comigo, nesse momento tão especial pra mim (além do Xandinho e da Má, que também foram nossos companheiros de platéia).
Talvez eu não consiga expressar essa minha felicidade - porque não consigo pôr isso pra fora em palavras, só em choro! - mas eu bem sei o quanto isso me fez bem.

18/08/2007

Leveza

Uma música dessas que fazem a gente se sentir "leve" e "pra cima"

TUDO NOVO DE NOVO
Letra e Música: Moska

Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim

Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim

É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos

Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou

E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou

Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos

16/08/2007

Cansei!

ótimo

Ótimo texto.
Vale a leitura de cada palavra.


A TV que não ensina a morrer
Marilene Felinto

Por que que a droga da TV - do jornal e da revista - não aproveitou a desgraça com o avião da TAM no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, a bola de fogo, o arrebatamento dos instantes, a fatalidade, a impotência humana sobre o tempo e o mistério, para tratar da efemeridade da vida?

Por que a droga da TV - do jornal e da revista - não aproveitou para lembrar ao espectador que amanhã... morre-se. Simples: amanhã, morre-se. Amanhã: é fogo-fátuo. A hora era de filosofia, de meditação, não de politicagem oportunista, não de espetacularização da dor alheia, não de exploração de emoções baratas.

Não teria sido melhor, menos desonesto e sórdido do que ficar tentando achar pêlo em casca de ovo para tentar derrubar (pela enésima vez) o governo Lula? Ora, o governo Lula é o melhor governo que o Brasil já teve, desde que eu me entendo por gente neste quase meio século da minha existência estúpida. Só os ricos não acham isso - a classe dominante, que segue mantendo sua "relação incestuosa" (Fábio Lucas) com a mídia rasteira.

Por que a merda da TV não eleva o nível, não ajuda o povo a filosofar, a se entender a si mesmo e ao enigma do tempo, da origem e da morte? No caso do desastre do avião, bastava terem usado o formato "quiz show" (programa de testes). Eles não adoram show, espetáculo? Adivinhação: O que foi que se perguntaram, no último segundo, as pessoas naquele avião (se é que se perguntaram algo), senão: "Que é isto que eu sei sem que ninguém me tenha perguntado, mas que, se eu quiser explicar a quem me perguntar, eu não sei? A resposta é: o Tempo." (Santo Agostinho, citado por Husserl - Edmund Husserl. Lições para uma fenomenologia da consciência íntima do tempo).

É preciso, com urgência, matar, isso sim, esta imprensa, esta mídia da indústria cultural - esta que se manifesta mesmo é na manipulação dos conteúdos, que procede à mais devastadora despolitização da sociedade; esta que, no lugar de promover a formação e a participação política, opta pela imposição do consumo de espetáculos pré-fabricados (Fábio Lucas). O que virou a tragédia do avião da TAM senão um showzinho para o "Fantástico" da Globo? É preciso acabar com a Globo, com o jornal "O Globo", com a "Folha de S. Paulo", o "Estado de S. Paulo", a Rede Bandeirantes e outros lixos como eles se apresentam hoje.

Bastava a TV ter lembrado ao telespectador que é preciso lembrar-se de que o amanhã não existe! Outro dia mesmo morreu mais um aparentado meu em Pernambuco, Recife, aonde minha infância vai assim escorrendo feito areia fina por entre os dedos - e eu, aos choros, não consigo retê-la, detê-la, senão num punhado ralo, grãos que brilham e rebrilham na insistência da memória, apenas. Mas o resto (o material mesmo, os corpos, as caras, os cheiros das gentes da minha infância) escorre e vira pó - os velhos que vão morrendo, os parentes, os aparentados, os conhecidos. Eu mesma que sigo morrendo.

Outro dia entrei num sebo aqui em São Paulo, cujo dono me conhece. Ele (um rapaz de uns vinte e cinco anos) veio surgindo do fundo da loja, emergindo de entre pilhas e mais pilhas de livros velhos amarelados, enrugados, organizados meio sem ordem, e foi dizendo: "olha, hoje entrou um livro seu! (e citou o nome). Aliás, ontem entrou outro em que o prefácio é seu! E tem outro aqui (retirando o exemplar da prateleira e me mostrando) em que a revisão é sua!" Abri uma gargalhada diante do jovem de cara boa, bonita, risonha, metade da minha idade: "quer dizer que já virei mesmo objeto de museu, não é não?!". Ele respondeu que aquilo, na verdade, era sinal de consagração. "Consagração, não. Esquecimento", corrigi. "Tudo o que eu quero - esquecimento", acrescentei.

A mim, afinal, não me interessa mais a publicação de livros. Hoje eu só escrevo para mim mesma - e não há maior sensação de liberdade do que esta. Esta sensação de estar fora do sistema, de não ser refém nem do "mercado" nem da mídia podre. E eu só escrevo para ter contato com o outro tempo, o que a TV não mostra. Há outro tempo que a TV não mostra (é preciso, com urgência, matar a TV, a imprensa escrita etc.). Meu tempo não corresponde à marcação das horas, minutos e segundos, no relógio, disposto em dias, semanas, meses, anos, estações, ciclos lunares etc. Meu tempo é interior: ele desobedece ao relógio, flui dentro das personagens, como um eterno presente, um tempo-duração (Bergson), sem começo, nem meio, nem fim. (Massaud Moisés):
"Dir-se-ia que o fim último, consciente ou não, de qualquer narrador consiste em criar o tempo. (...) Criando o tempo, o homem nutre a sensação de superar a brevidade da existência, e de identificar-se, demiurgicamente, com o tempo cósmico, que permanece para sempre, indiferente à finitude da vida humana; gerando o tempo, o ficcionista alimenta a ilusão de imobilizá-lo ou de transcendê-lo."

Marilene Felinto é escritora
(marilenefelinto@carosamigos.com.br)

Paixão, mulheres e amigas


Não vou dizer que seja uma grande fã da Danusa Leão - muito pelo contrário. Mas confesso que há alguns textos dela que são bem legaizinhos. Ontem deparei-me com esse (abaixo) e decidi colocá-lo aqui no blog, porque SIM, sou uma dessas mulheres que são capazes de tudo quando estão apaixonadas.
Boa leitura!



Paixão, mulheres e amigas
Danusa Leão

O que as mulheres são capazes de fazer por uma paixão? Praticamente tudo. As apaixonadas vivem em outra dimensão e só se entendem com outras apaixonadas. Alguém, em seu estado normal, pode conceber que, na era pré-celular, havia quem passasse o dia inteiro em casa porque ele poderia telefonar? E, como nas casas só existia um telefone, ninguém podia falar, para não ocupar a linha. Converse com algumas mulheres dessa época e elas terão muitas histórias para contar, todas ab-so-lu-ta-men-te idênticas. Porque elas (nós), quando se apaixonam, são todas iguais. Experimente perguntar a sua amiga como foi que eles se conheceram, como tudo começou. E pode pegar um livro, disfarçadamente, pois ela vai falar durante horas sem que você precise dizer uma só palavra. As apaixonadas mentem para o chefe com a cara mais inocente e adoecem a tia ou a mãe sem nenhuma culpa, arriscando o emprego e talvez o futuro, para ficar com ele mais algumas horas na manhã de segunda-feira.
A criatividade de uma mulher apaixonada não tem limites. Se ele não é totalmente livre, digamos assim, ela vai descobrir o nome da outra, a profissão, o número do telefone do trabalho, o nome e a idade dos filhos em mi-nu-tos. Para uma mulher apaixonada, é fundamental ter uma amiga com poucos escrúpulos, muito tempo vago, hábil e com talento para fazer todos os papéis, se for preciso - e sempre é. Porque ela é quem vai ligar à noite para saber se ele está em casa, vai se plantar dentro do carro até de madrugada para ver se ele entrará sozinho no apartamento ou com alguma vadia. Essa amiga topa dar uma festa só para você poder usar seu vestido mais sexy - e convidá-lo, claro. Quem tem uma amiga assim tem tudo na vida e, se tiver um amigo - pois às vezes é necessário uma voz de homem -, aí é o paraíso. São raros esses amigos tão preciosos, mas eles existem. Uma mulher apaixonada não hesita em cometer os maiores desvarios. Se o telefone dele estiver ocupado durante muito tempo, ela é capaz de ligar para aquela mulher de quem desconfia - e sabe o número de cor -, e, se o dela também estiver ocupado, é elementar: eles estão falando entre si.
Ah, as mulheres apaixonadas: por mais sérias que sejam, por mais responsáveis diante do mundo, viram doidivanas quando um homem consegue atingir seu coração. Elas são maravilhosas, todas tão diferentes e tão iguais; e não existe nada melhor do que ouvi-las falando de seus amores. Entre o papo de duas adolescentes ou de duas mulheres várias vezes casadas e com filhos de diversos maridos, não há diferença. Afinal, não há maior estado de graça do que estar apaixonada. Se você tem uma ou duas amigas assim, aproveite para aprender o verdadeiro sentido da vida. E faça isso antes que alguém chame a ambulância do manicômio e o enfermeiro leve-as em camisa-de-força. A única chance que elas têm de escapar é se a psiquiatra for mulher e também estiver apaixonada; nesse caso, o papo vai se estender até o dia clarear. A três, é claro. O que seria do mundo sem as mulheres?

Danuza Leão é cronista, autora de vários livros, entre os quais Na Sala com Danuza 2 (ARX) e Quase Tudo (Cia. das Letras)
Esse texto foi retirado da Revista Claudia - edição Agosto de 2007

15/08/2007

A doçura que faz falta no relacionamento

De repente, começamos a falar mais duro, a economizar sorrisos e a fazer exigências. Tudo sem nos darmos conta de que, assim, o amor desanda. Num artigo exclusivo para CLAUDIA, a escritora Paula Taitelbaum convida as mulheres a mudar o jogo e resgatar a ternura perdida

por Paula Taitelbaum

Vejo um casal de velhinhos sentado em um restaurante, cabecinhas brancas, mãozinhas dadas. A cena é encantadora, mas demoro alguns segundos para descobrir o porquê. Então percebo que eles possuem algo precioso: uma doçura no olhar. Sigo meu caminho, eles ficam pra trás, e a imagem permanece comigo. Ser doce no início do relacionamento é fácil, mas segurar a onda durante décadas de convivência parece realmente admirável. Ainda mais hoje em dia... Tenho uma certa tendência em culpar o estilo de vida moderna pela amargura nos relacionamentos que me cercam. Talvez seja injustiça. A vida anda dura, mas cabe a nós decidir com que astral vamos enfrentá-la e dar adeus à amargura que vai se instalando na mesa de jantar, no sofá da sala e sob nossos lençóis.
Eu, você, sua melhor amiga, sua prima, todas nós - e os homens também - temos um quê de abelha. Sabemos fabricar mel e, ao mesmo tempo, conservamos nossos ferrões escondidos. Faz parte da natureza, diria. Só que, às vezes, até por instinto de sobrevivência, alguns exageram nas ferroadas e esquecem de produzir o doce que alimenta os relacionamentos. Há doçura na vontade de ir correndo pra casa depois do trabalho só pra dar um beijo naquele que nos espera. Ou no interesse em perguntar como foi o dia dele e querer mesmo saber a resposta. Lembra daquelas palavrinhas mágicas que tanto tentamos ensinar aos nossos filhos? Pois eu acredito que há doçura quando sabemos dizer "com licença", "por favor" e "me desculpe". Sem exageros, é claro, pois tudo o que é melado enjoa. O excesso de cuidados e atenções sufoca, abafa, afasta, engasga. É aquela velha história de ficar repetindo "eu te amo" sem parar. Lá pelas tantas, banaliza e perde a graça. Sem contar que ninguém é tão carente a ponto de precisar escutar isso a cada dois segundos. Precisamos, sim, de quem nos compreenda, nos surpreenda, nos estimule em todos os sentidos. E precisamos devolver na mesma moeda. Doçura é uma via de mão dupla. A gente dá e a gente quer receber. Se não for assim, bem, aí as abelhas podem picar.
Algumas situações falam por si, não mentem. Por exemplo, a televisão sempre ligada, interagindo mais do que o casal. Ou um dormindo sozinho no quarto, enquanto o outro não sai da frente do computador. Quando imagens como essas se tornam corriqueiras, a relação já mergulhou na acidez. A gente percebe os sinais. Sentimos que falta tempo, vontade e dedicação, mas, muitas vezes, não chegamos a acreditar que o relacionamento esteja correndo perigo. Ficamos acostumadas com a falta de doçura, e a frieza instala-se no ambiente como se fosse um móvel de canto. Se você assistiu ao filme Beleza Americana, lembra da personagem interpretada por Annette Bening, um caso típico de como a amargura pode chegar ao casamento. A atriz vive uma mulher de relativo sucesso profissional que critica o marido em tudo, que o vê como um fracassado, que renega um carinho porque a cerveja pode cair no sofá. É a caricatura de muitas relações em que o ter está acima do ser, a famosa crise de valores que faz com que muitos casamentos mais pareçam uma sociedade com fins lucrativos. A parceria, o amor e o carinho, tudo isso fica nas cláusulas miúdas do contrato. E a doçura... Bem, essa coitada já nem faz parte da história.
A luta por conquistas materiais influencia, e muito, nosso nível de doçura. Há poucas gerações, as pessoas decidiam ficar juntas com expectativas diferentes das nossas. Vejo meus pais, por exemplo. O que eles mais queriam no início da vida de casados era uma casa própria e um automóvel econômico. O resto, se viesse, era lucro. Não que eu quisesse trocar de lugar com a minha mãe ou a minha vó. Não consigo me imaginar casando virgem ou sem ter um trabalho que eu ame. A questão é que, naquela época, havia mais paciência para se constituir um patrimônio. Hoje, nossa meta é muito mais do que um teto. Almejamos um apartamento de cobertura com vista para o mar. Não basta ter um carro que ande - precisamos daquele modelo com design arrojado, air bag duplo e motor 2.0. E tem ainda o aparelho celular último tipo, o computador que praticamente pensa sozinho, o DVD ultracompleto, a roupa de grife e a viagem à Europa nas férias de verão. Tudo para ontem, pois a vida é breve e ninguém tem tempo a perder. Sinto muito dizer, quem não herdar uma megafortuna terá que trabalhar pelo menos 20 horas por dia para conquistar tudo isso. Então, como arranjar tempo para preparar um jantar à luz de velas ou curtir um banho a dois bem demorado? Se você encontrou alguma semelhança entre essa história e a sua, é hora de repensar os valores. Existe muita coisa maravilhosa que não dá para comprar. E a doçura é uma delas.
Tenho um casal de amigos que está junto há mais de 20 anos. Ele é um advogado de prestígio; e ela, sócia de uma empresa de design. No início do casamento, no entanto, faltava tudo em casa, até dinheiro para pagar a luz. Vergonha, irritação, revolta com isso? Que nada. Eles lembram essa época com ternura. Aproveitavam o escuro para se divertir, criando um clima romântico com velas. Claro que a situação não durou muito, mas o legal é que eles faziam questão de encarar o problema com bom humor. Minha amiga conta que foi um período maravilhoso. Há pouco tempo, declarou que o marido era tão ou mais importante do que os filhos. Eu fiquei meio chocada, questionei a afirmação, e ela deu uma resposta muito clara: filhos crescem e vão embora de casa, o marido vai envelhecer com ela, é aquele que escolheu como companheiro. A lição que tirei dessa conversa toda foi a de que, quando sentimos que encontramos alguém especial, único e insubstituível, precisamos investir na doçura. Uma pessoa assim merece nossa admiração, respeito, carinho e atenção. É difícil determinar a dose certa de doçura. Alguns gostam de uma pitada de açúcar, outros de uma colher de sopa. Depende da personalidade e das expectativas de cada um. Pessoas meigas e tranqüilas são naturalmente mais doces, muito mais dadas a rompantes de romantismos. Já as de temperamento duro nem por isso são avessas à ternura. Apenas encaram tudo de uma forma mais racional. Mas nada impede que um tipo se relacione muito bem com o outro. O importante é estabelecer uma cumplicidade, cada um com o seu mundo, mas ambos pelo bem da relação.
Um dia desses, participei de um encontro cultural com o tema maturidade feminina. Os relacionamentos e suas nuances foram o foco principal do bate-papo e, a certa hora, levantou-se a questão da tendência que temos em confundir os termos individualidade e individualismo. Enquanto o primeiro significa preservar as características pessoais, garantindo liberdade de movimento e pensamento, o segundo é a lei do eu em primeiro lugar. Uma senhora, casada há 40 anos, foi muito enfática ao dizer que, para a relação dar certo e a amargura não imperar, é vital que sejamos nós mesmas. Mas sem fazer tudo à nossa maneira. É isso. Doçura é como maturidade, exige flexibilidade e tolerância, equilíbrio entre o querer e o poder, entre o dar e o ceder. E, principalmente, necessita de muitos cuidados de manutenção. Todo cuidado é pouco, até com o que se diz sem pensar. Ainda que a TPM esteja elevada à potência máxima, que o vestido novo tenha manchado, que o chefe esteja com o diabo no corpo, mesmo assim, precisamos nos policiar para não despejar uma avalanche de raiva sobre o nosso companheiro. Geralmente ele não tem culpa de nada. Nem preciso dizer que palavras ferem fundo, mesmo sendo proferidas em um momento de destempero. Por isso, fique atenta. Frases e palavras impensadas podem ser o pontapé que a relação estava esperando para começar a rolar ladeira abaixo. Não ofender o próximo é um dos mandamentos do relacionamento tranqüilo, saudável e... doce. Vale a pena se conter. Se não tiver jeito, se for mais forte do que a razão, o pedido de desculpas deve chegar a tempo de consertar a besteira. Mas, se a poeira baixar e você continuar achando que aquelas palavras maldosas realmente descrevem a pessoa que estará ao seu lado, nesse caso provavelmente sua relação está com os dias contados.
É importante lembrar que açúcar não faz milagre. Quando o relacionamento está naufragando, a tendência é buscar um bote salva-vidas e tentar achar o pote de mel perdido. Nesse momento, alguns embarcam numa canoa furada. Como acreditar que um filho poderá resgatar a doçura do passado. Idéia que, com o perdão do trocadilho, é uma doce ilusão. Ter um filho é bastante complicado mesmo quando as coisas estão ótimas entre um casal. Crianças são uma fofura, a coisa mais maravilhosa do mundo, mas não consertam o inconsertável. Já vi mulheres estressadas, workaholics sem tempo pra nada, que um belo dia decidem que precisam de um bebê para a harmonia chegar ao lar. A criança nasce e o que acontece? A relação descamba de vez. Raciocine comigo: se não sobra tempo para a vida a dois, imagine para a vida a três... Se a mulher fica irritada com a camisa que o marido usa, terá um surto quando ele vestir o filho com a roupa errada. Se a relação é doce, crianças a transformam em melado. Se é azeda, aí vira puro limão. Até a culpa que a mãe ocupadíssima sente acaba respingando na relação amorosa.
Você está confusa, já não tem certeza de que há doçura entre seus lençóis? Que tal fazer um teste? Comecemos pelo sexo. Não importa a freqüência. Cabe analisar se há intimidade, carinho e aquela vontade de permanecer abraçados durante alguns segundos. E quando vocês saem para jantar? Conversam, trocam olhares, seguram na mão um do outro? Ou sentam, pedem, comem e vão embora correndo? Pense também em como anda a intensidade dos abraços e a freqüência das risadas juntos. E, se parece complicado rir com tanto problema para resolver, analise o quanto vocês andam sendo solidários um com o outro, o quanto de compreensão há nos gestos e nas expressões trocadas.
Para sermos felizes, precisamos prestar atenção nos pequenos detalhes que tornam a vida mais doce. Fiquei sabendo que aquele casal de velhinhos que citei no início da matéria almoça todo dia no mesmo restaurante. Brindam, sorriem e são sempre gentis um com o outro. Decidi que quero ser como eles. Ter a cabeça deles. Na verdade, agora é que eu entendi. Os cabelos brancos são puro algodão-doce.

(Revista Claudia - julho de 2004)
O porquê do "cansaço" da elite branca
Lula Miranda

A elite branca "cansou". Resolveu, em sinal de protesto, fazer barulho e demonstrar toda sua indignação. Pode-se vê-los, mais uma vez, devidamente "enquadrados" numa charge do Angeli, onde se vê, como que numa coreografia mais ou menos ensaiada, esses singulares membros da nossa sociedade com os braços para cima a chacoalhar suas jóias e Rolex num veemente e ruidoso protesto. Indubitavelmente bastante ruidoso e veemente... Risível, decerto.

A elite branca, em definitivo, cansou de conviver com um operário na Presidência da República. Um presidente "monoglota" e sem curso superior é duro de agüentar. E os familiares do presidente então!? Todos de uma pobreza lastimável. Onde foi parar o "glamour" da Presidência da República?

A elite branca cansou desse romantismo ignaro e pobre do proletariado no poder. Esse negócio do Partido dos Trabalhadores "lotear" a máquina pública colocando sindicalistas e outros "desqualificados" em cargos estratégicos da administração federal, é duro de engolir. Esses cargos, você há de se recordar, eram antes todos de livre provimento das elites brancas. Claro! Pois só eles sabem governar, só a eles, e aos seus, devem ser reservados os melhores empregos, escolas, faculdades, casas e hospitais.

Esse negócio de pagar faculdade para pobre também é algo que a elite branca já não suporta mais. Cotas para negros e pobres nas Universidades Públicas, então, é algo intolerável. O que é pior: essa história de investimentos em um sistema universal de saúde à custa do rico dinheirinho dos impostos não pagos pela elite branca, é para acabar.

A elite branca cansou de carga tributária extorsiva para financiar essa tal bolsa-esmola. Cansou de ver os seus iguais "enquadrados", não pelas charges inteligentes do cartunista Angeli, mas pela Polícia Federal mesmo, em horário nobre da TV. Tem "madame" e "doutor" chacoalhando as algemas e fazendo test-drive em camburão zero quilômetro, modelo 2007/2008.

A elite branca quer cheirar sua cocaína em paz e harmonia. A mesma cocaína que desce os morros e favelas para abastecer as festas, e mancha de sangue a alvura de sua hipocrisia branca; não quer a Força Nacional, e o que sobrou da polícia digna e cidadã do Rio de Janeiro, causando contratempos ao bom andamento dos "negócios" no complexo de favelas do Alemão. A elite branca, empalidecida, não admite que o governo da Venezuela não renove a concessão da RCTV, pois temem que um dia a "sua casa", a sua Rede Globo de Televisão, encontre o mesmo destino.

À elite branca não interessa que nesse mesmo governo, que lhes causa indignação e cansaço, o emprego formal bate recorde após recorde: só no primeiro semestre desse ano de 2007, foram criados cerca de 1,096 milhão de empregos com carteira assinada. A elite branca tem verdadeira ojeriza a pobres e desempregados – e também pelos pobres que mofam nas filas em busca de emprego. A elite branca vetou o projeto de FGTS para empregados domésticos – não gastaria o valor de um jantar para pagar a parcela mensal do FGTS da criadagem. Como nos evidencia os nossos vexatórios índices sociais, a nossa elite branca é por demais benevolente e generosa.

Portanto, deixe a elite branca reclamar, e clamar aos quatro ventos o seu cansaço. Afinal, o Veuvet Clicquot nunca esteve tão barato: virou "carne de vaca", "todo mundo" hoje está bebendo. Viajar ao exterior então! E esse tal "caos aéreo" é, em grande parte, culpa das passagens muito baratas e dessa "gentalha" que deixou de viajar de ônibus (ou de pau-de-arara) e passou a viajar de avião, enchendo assim os aeroportos e aviões com sua pobreza e maus modos. Um horror! Viajar de avião antes era exclusividade dos bem-nascidos.

A elite branca detesta o governo Lula. A elite branca detesta pobre. A elite branca adora as revistas Caras e Veja, os jornais Folha de S.Paulo e Estado de S. Paulo e a rede Globo. A elite branca enxerga o país como uma jazida a ser explorada até a exaustão, apenas isso. E o povo brasileiro, os escravos de sempre que aí estão para servi-la. Apenas isso e não mais que isso.

13/08/2007

devaneios de início de semana

É incrível como as coisas vão mudando numa velocidade absurda.
A quantidade de acontecimentos que cabem num único dia... E a nossa vida vai ficando mais rica.

Esse último final de semana foi lindo. Me aproximei ainda mais do meu amor e esse convívio assim, de pertinho, me fez ter mais um pouquinho de certeza de que achei uma pessoa muito especial e que está em plena sintonia comigo. Tenho claro diante de mim que nós dois podemos ser muito felizes juntos, pois um encontrou no outro exatamente o que estava procurando... Tomara que esse relacionamento continue assim. E que tenhamos a sabedoria de sempre respeitar o espaço, os pensamentos e os sentimentos um do outro. Amém.
Incrível como ele me faz bem. Hoje na hora do almoço, na fração de segundos em que ficamos parados antes de eu ir à loja de celular, o carinho que ele fez no meu rosto... Valeu a semana inteira... E não estou exagerando.

Nos últimos meses minha vida mudou deveras. No trabalho apareceram novos desafios, em grande parte forçados por situações indesejadas. Mas tem sido muito interessante a experiência e o aprendizado.

Emocionalmente, o cupido me flechou. E sinto que sou uma pessoa mais serena, vivendo uma história linda que me dá coragem de fazer coisas que até então nem sonhava - e se alguém me dissesse que viveria algo assim, há 4 meses, eu cairia aos risos tachando esse fulaninho de louco.

Financeiramente estou conseguindo - mesmo que num ritmo mais lento do que o desejável - dar um rumo mais estável à minha vida. Creio que nos próximos meses já vou ter conseguido sair da situação crítica em que estava (estou?).

E os meus amigos? Que delícia eles são. Não canso de me embebedar deles. Como são fascinantes as pessoas que escolhi pra minha vida. Com suas qualidades e imperfeições. Todas fascinantes.

E por falar em mudanças, em rumos e em amigos, de repente a Gabriela chega com a notícia bombástica (e para mim maravilhosa) de que vai morar em São Carlos.

Vejam bem, se eu fico absurdada com dois ou três acontecimentos que nos últimos MESES mudaram minha vida, a Gabi tem o dom de mandar um email onde a gente vê que a vida dela virou do avesso da semana passada pra cá. rsrsrs

Eu acho fascinante observar isso: como as pessoas são diferentes, como cada uma tem seu próprio ritmo e estilo de vida. Tem gente que passa a vida estagnado no mesmo ponto: nada acontece! E mesmo assim é feliz... Outras pessoas simplesmente precisam estar "agitando" o tempo todo para conseguirem sua felicidade.
Há também quem oscile entre períodos de extremo marasmo e outros de imenso turbilhão.

Eu gosto de observar tudo isso nas pessoas com quem convivo - e em mim mesma. E eu aprendo muito com meus amigos, colegas, familiares, cada um a seu modo.

E enquanto isso eu vou sendo feliz...

Que vida boa, a minha. Quero outra, não.

Novo membro da família.


Só mesmo o meu amor para me dar coisinhas tão lindas e especiais.

07/08/2007

Rosa pra brotar


Eu queria postar alguma coisa, mas não sabia exatamente o quê.
Fiquei pensando em escrever algo pra minha amiga Tetê, já que ela sempre se mostra tão sensível com o que acontece comigo e eu sei que ela deve estar um pouco tristinha esses dias.
Mas aí lembrei que eu não tenho o mesmo talento da Tetê em conseguir as palavras mais doces e certeiras pra ofertar a alguém em momentos assim. E então fiquei em dúvida e muito pensante (ou penseira) sobre o que exatamente postar.
Vejam bem: até antes de ontem eu tinha dois casamentos de amigas chegando. Um em setembro e um em outubro. E eis que ontem, sem mais nem menos, recebi o convite oficial de um deles e a triste notícia de que o outro foi adiado.
Daí lembrei de várias coisas (não necessariamente nessa ordem) que me convenceram de vez a colocar a música do Vinicius que está aí embaixo:

- Eu gosto muuuuuito dessa música;
- A Tetê também gosta do Vinicius e deve gostar dessa música (ela até é "A amiga das rosas");
- O Fabiano só canta ela na minha cabeça há dois dias - e eu quero muito que brote logo uma rosa no coração dele, pra finalmente sermos 6;
- Hoje de manhã meu despertador me acordou com essa música no rádio (parece mentira, mas não é. Como diria a Tetê: isso só pode ser um sinal!!)
- Vinicius nunca é demais e todo mundo deveria ler (e/ou ver, ouvir, experimentar) um pouquinho por dia, como se fosse um remédio.

Então, sendo assim, lá vai ela:

Enjoy, everybody!



Samba da rosa
Vinicius de Moraes / Toquinho


Rosa pra se ver
Pra se admirar
Rosa pra crescer
Rosa pra brotar
Rosa pra viver
Rosa pra se amar
Rosa pra colher
E despetalar

Rosa pra dormir
Rosa pra acordar
Rosa pra sorrir
Rosa pra chorar
Rosa pra partir
Rosa pra ficar
E se ter mais uma rosa mulher

É primavera
É a rosa em botão
Ai, quem me dera
Uma rosa no coração

06/08/2007

Simples desejo

Simples Desejo
(Daniel Carlomagno e Jair Oliveira)
Que tal abrir a porta do dia
Entrar sem pedir licença
Sem parar pra pensar,
Pensar em nada…
Legal ficar sorrindo à toa
Sorrir pra qualquer pessoa
Andar sem rumo na rua
Pra viver e pra ver
Não é preciso muito
Atenção, a lição
Está em cada gesto
Tá no mar, tá no ar
No brilho dos seus olhos
Eu não quero tudo de uma vez
Eu só tenho um simples desejo
Hoje eu só quero que o dia termine bem
Hoje eu só quero que o dia termine muito bem

02/08/2007

olhem pro céu



São-carlenses queridos, olhem para o belo céu azul de nossa cidade. De hoje até sábado ele tem enfeites multi-coloridos: os balões da etapa do campeonato paulista que está sendo disputada aqui.
E tem como não achar essa cidade linda?
E tem como não ficar encantada?
E tem como não querer dar uma voltinha de balão pra ver a minha cidade lindona, lá do céu?
São-carlenses, sigam meu conselho: olhem para cima. Eu sou privilegiada: só preciso olhar pela janela da minha sala!