11/09/2007

Nós também somos provisórios

Tá todo mundo (inclusive eu) estranhando o meu "sumiço" aqui do blog.
O mês de setembro começou tão turbulento, com acontecimentos tão marcantes e eu... "travei".

Na terça passada levei uma "pancada" com uma reviravolta na vida de amigos queridos - impossível ficar alheia, afinal são pessoas que fazem parte da minha vida.
No mesmo dia conversei com outra grande amiga, a Viviane, que coincidentemente me contou estar fazendo 15 anos de relacionamento com o Marcelo. Um relacionamento que, segundo ela, quando começou ninguém botava fé que fosse durar (nem ela mesma)e que agora está cada vez mais forte.
Na sexta passada minha amiga Laine casou-se. Uma cerimônia linda e emocionante que me fez, além de celebrar a realização de um sonho de uma amiga, rememorar toda uma fase da minha vida, me fez pensar há quanto tempo nós duas nos conhecemos e o tanto de coisas que já passamos juntas nesse tempão de amizade... Os rumos que nossas vidas seguiram, as decisões que fomos tomando pelo meio da estrada.
Ao mesmo tempo vejo meu amor resolvendo a vida dele do jeito que ele sempre quis, fazendo as coisas que ele acha certas, construindo o caminho dele com calma e começando a colher frutos de uma fase muito boa. A vida dele se tornando cada vez mais leve.
E um outro amigo que já avançou muito no que deseja pra si, mas que ao mesmo tempo insiste em dar mais peso a certas coisas do que elas realmente têm.
Tudo isso me faz ficar pensando, observando, pensando. Mas eu simplesmente "travei". E o blog ressurgiu, no começo desse ano, justamente pra "destravar" tudo...

Mas hoje recebi da minha grande amiga Lucileine o texto abaixo, da Martha Medeiros, que diz muito inclusive do que tenho pensado a respeito de alguns acontecimentos de setembro, e resolvi colocar o texto no blog. Pra deixar guardado pra mim, pra dividir com alguém que passe por aqui, e pra ver se eu "destravo".

O PERMANENTE E O PROVISÓRIO

O casamento é permanente, o namoro é provisório.
O amor é permanente, a paixão é provisória.
Uma profissão é permanente, um emprego é provisório.
Um endereço é permanente, uma estada é provisória.
A arte é permanente, a tendência é provisória.
De acordo? Nem eu.

Um casamento que dura 20 anos é provisório. Não somos repetições de nós mesmos, a cada instante somos surpreendidos por novos pensamentos que nos chegam através da leitura, do cinema, da meditação. O que eu fui ontem, anteontem, já é memória. Escada vencida degrau por degrau, mas o que eu sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem pra agora, hoje é o meu dia, nenhum outro.

Amor permanente... como a gente se agarra nesta ilusão. Pois se nem o amor pela gente mesmo resiste tanto tempo sem umas reavaliações. Por isso nos transformamos, temos sede de aprender, de nos melhorar, de deixar pra trás nossos imensuráveis erros, nossos achaques, nossos preconceitos, tudo o que fizemos achando que era certo e hoje condenamos. O amor se infiltra dentro de nós, mas seguem todos em movimento: você, o amor da sua vida e o que vocês sentem. Tudo pulsando independentemente, e passíveis de se desgarrar um do outro.

Um endereço não é pra sempre, uma profissão pode ser jogada pela janela, a amizade é fortíssima até encontrar uma desilusão ainda mais forte, a arte passa por ciclos, e se tudo isso é soberano e tem valor supremo, é porque hoje acreditamos nisso, hoje somos superiores ao passado e ao futuro, agora é que nossa crença se estabiliza, a necessidade se manifesta, a vontade se impõe – até que o tempo vire.

Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível.
Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós.
Martha Medeiros

Um comentário:

Cleidinis disse...

Que texto interessante, amiga..
Reconheço nele muito do que estava precisando ouvir...Neste mes de setembro... Nesta minha vida..