30/12/2012

Tem que valer a pena

Relações que valem a pena
Desejos para alimentar no ano que está chegando
Por Gustavo Gitti

Transições de ano nos lembram de não desperdiçar o tempo restante. Para além de promessas e metas específicas, compartilho alguns votos que faço agora para mim; fique à vontade para se apropriar de algum.
Independente de conseguir rechear minha vida com estímulos prazerosos, viagens, produtos, histórias, desejo me aproximar da morte sem precisar de nada diferente do que se apresentar a cada momento para me sentir satisfeito, em casa. Adianta acumular mil experiências com uma mente que nunca repousa?
Não importa por quais posições, cidades, estilos de vida, casamentos, trabalhos eu venha a passar, quero parar logo de transformar tudo em jogos que me obrigo a ganhar. Mais que habilidades e aprimoramentos específicos, que eu possa treinar inteligências transcendentes facilmente transportáveis para outros mundos, como generosidade e ludicidade. Se eu for garçom, além de carregar bandejas e anotar pedidos, que eu aprenda a servir pessoas, improvisar, refinar a atenção, detectar necessidades.
Em paralelo às flutuações, porradas ou mimos do mundo, que eu substitua a tentativa de controlar o que me acontece por práticas que mudem minha atitude diante do que me acontece.
Para minha vida valer a pena, que nasça de relações que valem a pena, daquelas que transformam as pessoas para muito além da esfera do relacionamento, com qualidades que sobrevivem até mesmo à morte dos envolvidos, transbordam, se espalham para quem quiser pegar. Que eu nunca aspire por bodas de ouro, mas pelo florescimento das potencialidades do outro, esteja com quem estiver, pelo tempo que for. Que eu não me dedique tanto à proteção de minhas fixações, mas à superação gradual das estruturas coletivas do ciúme, da carência, do preconceito. Perda de tempo sustentar uma relação que maquia, sem nunca atacar, as causas do bate-cabeça.
Que eu não dê tanta importância e não me distraia com fatos (se formou, casou, faliu, fez plástica, descasou?), mas que possa mirar naquilo que importa: o quanto a pessoa segue cada vez mais lúcida, aberta, autônoma, curiosa, compassiva?
Aprendemos com o existencialismo que o sentido da vida é dar sentido à vida. Ora, como minha vida não é bem minha, a maior felicidade, o maior propósito vem de conseguir oferecer sentido às vidas ao meu redor - e aumentar a capacidade delas de fazer o mesmo. Que eu possa, portanto, beneficiar muitas pessoas com encontros, conversas, danças, sabedorias, experimentos e com o exemplo de minha própria vida.

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