27/08/2011

Curiosidade não é amizade

Eu não questiono, não interpelo ninguém. Não fico esmiuçando fatos da vida de meus amigos, querendo saber de tudo tim tim por tim tim.
Não, não é falta de interesse. Sou uma ótima ouvinte - quem me conhece, sabe. Sou interessada, preocupada. Me arrisco até a dar algum conselho, quando é o caso. É discrição, simplesmente, o que me faz não perguntar tanto.
Na minha opinião, se um amigo quiser - se ele sentir desejo e confiança - ele vai se abrir com a gente. Ele vai compartilhar com a gente seus pensamentos, suas expectativas, alegrias e angústias. Ele falará por si: não preciso ficar interrogando.
Eu respeito o desejo de silêncio das pessoas. Não me intrometo.
A minha vida toda venho buscando cultivar em mim esse, que julgo ser um bom hábito. Queria que mais pessoas agissem dessa forma. Infelizmente essa característica está cada vez mais rara. Parece que a curiosidade vem antes do respeito e da atenção: tem gente que quer mesmo é saber de todos os detalhes, quer acompanhar a vida alheia em todos os lances, como se fosse a novela da Globo. Tem gente que é louca pra dar um pitaco na vida dos outros, com a desculpa de que "amigo, que é amigo, tem mesmo é que opinar". Não percebem que, para ser amigo de verdade, basta estar ali ao lado: presente e disponível. Não precisa ficar questionando, remexendo na ferida, traçando diagnósticos precisos sobre a vida do outro - muitas vezes o outro só quer mesmo é mudar de assunto. Será tão difícil perceber isso?
Não perco a esperança: vou continuar tentando dar o exemplo. E torço para que essa sementinha brote pelos campos em que eu for passando.


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