07/03/2009

amores eternos

Eu queria entender como é que algumas pessoas conseguem "amar" e "desamar" tão facilmente...
Sou como a música do Milton Nascimento e Fernando Brant: "Preso a canções e entregue a paixões que nunca tiveram fim".
Pra mim, o amor sempre seguiu a definição de Nelson Rodrigues. Pois todos os meus amores são eternos. Os que acabaram, realmente, não eram amor. Mas os poucos amores verdadeiros que tive estão aqui: intocados dentro de mim. Não consigo encontrar um dos meus amores sem sentir uma emoção gostosa, uma quenturinha confortável por dentro... Não consigo deixar de lançar um olhar de carinho, um desejo sincero de que aquela pessoa esteja bem, e siga bem pela vida afora... Não que eu queira voltar a viver aquela paixão - pelo contrário - mas consigo lembrar dela com carinho e respeitá-la. Consigo identificar em mim o meu amor por aquela pessoa, que nunca acabou - pode, sim, ter se conformado com os rumos diferentes que nós tenhamos tomado, mas morrer, nunca!
E o meu amor de agora, o último que vivi (que ainda vivo, mesmo que unilateralmente), com certeza também ficará para sempre dentro de mim... Fico imaginando em como eu o sentirei daqui a alguns anos. Tenho a impressão de que ele será diferente de todos os outros... Até pela intensidade de todas as experiências que vivemos juntos, pela grandeza dos sonhos, pela sintonia dos nossos olhares que lançamos na mesma direção... Carregarei comigo para sempre esse grande amor. O maior que já tive até hoje. O mais sublime. O mais fortemente correspondido. Aquele no qual apostei todas as minhas fichas. O que mais me fez feliz. E que agora me faz tão triste... Mas por que ele me faz tão triste agora? Simplesmente porque ele não acabou... Continua aqui, pulsando dentro de mim... Ele acabou do lado de lá, mas do lado de cá continua intacto... E esse desequilíbrio dói. Muitíssimo.
Por isso penso que talvez sejam felizes as pessoas que conseguem "amar" e "desamar" com facilidade...
Deve ser ótimo conseguir desvencilhar-se de um sentimento e sair por aí, cuidando de outros projetos.
Mas, sinceramente, mesmo ficando curiosa pra saber como funciona a cabeça e a vida dessas pessoas que amam e que desamam, não troco meus amores eternos por nada! Cada milímetro desse sentimento que só eu mesma posso saber que gosto tem, cada gotinha dele... é tudo meu. E ninguém me tira.
Teimosia? Falta de amor-próprio? Pode até ser, aos olhos de alguns...
Mas não tem preço a grandeza de poder sentir de verdade um amor. Sem precisar disfarçá-lo, mesmo quando ele está só de um lado. Sem vergonha de rasgar o coração, se for preciso.
Quero ser assim, sempre!
Peço a Deus que nunca me tire a minha capacidade de AMAR realmente.
Que meu coração não fique duro, mesmo com tantas quedas e desilusões.
Afinal, o próximo ser amado não pode receber o ônus do amor fracassado anterior, certo? Pelo menos eu penso assim!


Depois de te perder te encontro com certeza
Talvez no tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei como encantado
Ao lado teu
(Chico Buarque)

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