18/07/2007

pertinho da tragédia

É tão difícil explicar o sentimento de estar pertinho de uma grande tragédia...
Ontem à noite eu não consegui dormir direito.
Um nó na garganta, um sentimento estranho: de angústia e ao mesmo tempo de perda.
A gente começa a pensar: como acontecem essas coisas, que numa fração de segundos acaba com a vida de um monte de pessoas - e deixa a salvo outras tantas que estão ali ao lado e se salvam? E o que passa pela cabeça desses, os que sobreviveram e assistiram a tudo de bem perto?
Mesmo sem ter perdido nenhum amigo ou conhecido no desastre aéreo (Graças ao meu bom Deus!), o fato de ter passado bem ao lado do local no dia anterior mexeu comigo. Mexeu também porque numa conversa entre amigos, - não faz nem um mês! - falávamos do perigo em ter um aeroporto como o de congonhas, no meio da cidade, petinho de onde passamos de carro, falávamos sobre o medo que dá quando nós - caipiras desacostumados com as rotinas da capital - passamos bem ao lado da cabeceira da pista - exatamente onde passei com o Wanderley antes de ontem, indo passear no shopping, e por onde vimos um avião descendo, bem pertinho de nós...
Me comovi também por ouvir, aqui do meu apartamento, durante toda a noite de ontem, o som das sirenes que provavelmente vinham socorrendo as vítimas. Eu podia sentir um clima pesado no ar. As pessoas que aqui vivem estavam todas de luto, os olhos baixos e um silêncio consternador. Aterrador.
Daqui do meu apartamento foi também de onde vi, logo às 19h, a transmissão ao vivo das imagens quando ainda não se sabia ao certo o que tinha ocorrido. Só se via a traseira do avião, e o prédio em chamas. A apresentadora da Globonews se atrapalhava em ler as notícias que lhe iam passando, mas quem assistia pela TV já percebia que a situação era muito mais grave do que estava sendo dito...
Um acidente muito triste, muito trágico, que certamente vai ficar marcado na vida de todas as famílias que esperavam pela chegada de seus queridos entes - e que nunca os verão de novo...
Uma tristeza danada.
O ar de São Paulo ficou pesado. Difícil até de respirar sem sentir uma tristeza e um nó na garganta.

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