21/12/2008

Um menininho

Ontem e hoje a Roberta e o Edson trouxeram um menininho aqui em casa. Sobrinho do Edson que está passando uns dias de férias na casa deles. Deve ter uns 7 ou 8 anos de idade.
Me apertou o coração, porque me deu saudades do "meu" outro menininho, com quem eu convivia nos finais de semana, e a quem eu já tinha aprendido a amar como se fosse da minha própria família.
Fiquei lembrando das nossas brincadeiras, dos segredos que trocamos - desde o primeiro dia em que estivemos juntos ele já me contou segredos, confiando que eu não os contaria ao pai dele e ao irmão! No último dia em que estivemos juntos ele também confidenciou algo comigo. E sempre teve certeza de que eu não trairia a confiança que em mim ele depositava.
Lembrei das palhaçadas que fazíamos juntos: das poses que ele fazia pras fotos que eu tirava, de como ele ria das coisas engraçadas que eu falava pra ele, sempre me pedindo pra repetir alguma coisa pra ele decorar o jeito que eu estava falando.
Lembrei de como ele sempre foi generoso comigo, como sempre me incluiu em tudo que fazia quando eu estava por perto, como sempre gostou de me contar das aventuras dele e dos amiguinhos na escola e no condomínio dele.
De como ele me ensinou como era aquela manobra dificílima que só alguns surfistas fazem (o tal "pé-cabeça-cabeça-pé")
Lembrei da felicidade dele me contando - sempre em tom de confidência, qdo o pai não estava por perto - como é legal a casa da vó dele (isso ele me contou no caminho quando pela primeira vez eu estava indo com ele conhecer a casa da vó e a própria vó dele). Parece que queria me tranqüilizar. Lá no meu íntimo eu estava morrendo de medo do que ela poderia achar de mim. E se ela não gostasse de mim??? Pois o menininho queria que eu soubesse que era impossível que eu não fosse gostar da casa dela e dela, pq eles eram a casa e a avó mais perfeita que alguém pode ter! E dá até pra dividir com outras pessoas! Dá pra todo mundo se sentir bem, lá naquela casa!
E eu também lembrei de todos os planos que eu fiz incluindo ele. Lembrei das muitas vezes em que fiquei imaginando nossa relação em todas as idades dele. Em que fiquei torcendo para que ele sempre fosse doce comigo - até mesmo quando ele estivesse naquela fase difícil da adolescência, em que a gente não quer falar ou estar com ninguém. Pensei que mesmo nessa fase, talvez por ele ser tão especial, ele fosse abrir uma concessão de ser doce e educado comigo como sempre foi. Lembrei de como fiquei sempre torcendo para que ele fosse capaz de perceber nos meus gestos que eu realmente gostava dele, de verdade. Mesmo quando eu estivesse na TPM - o que me deixa, por incrível que pareça, muito mais chata e implicante do que eu já sou normalmente. Porque, obviamente, em palavras acho que nunca serei capaz de dizer isso a ele. Eu sou aquela que não fala. Eu sou aquela que chora. Sempre.
Com certeza ele driblou toda a minha falta de jeito em lidar com criança. Ele me cativou desde o primeiro dia. Às vezes eu me sentia a criança da história, porque ele sempre mostrou uma maturidade invejável - e eu muitas vezes fraquejei, do alto do meu egoísmo, da minha imaturidade e dos meus descontroles hormonais. Eu acho que ele me fez amadurecer muito.
Pode ser que eu nunca mais volte a vê-lo ou a estar com ele.
Mas um dia eu espero ter oportunidade de fazer com que ele saiba o quanto foi importante pra mim.
Um menininho de alma gigante.
Que Deus o proteja e ilumine seu caminho, sempre, sempre!

Nenhum comentário: